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1 – DOMINGO DE MARTA E MARIA
Lc 10,38-42

Há pessoas tão conscientes de suas obrigações e tão aplicadas em dar conta dos seus deveres cotidianos, domésticos, profissionais, de algum serviço voluntário ou de alguma opção militante, que, às vezes, no embalo ou no arrojo da execução de suas tarefas, perdem o endereço… Seria o caso dessa amiga de Jesus, chamada Marta?… Sua irmã, Maria, entendeu que o amigo hóspede das duas, bem que merecia aquela carinhosa atenção… Enquanto a outra, em vez de alegrar-se com ver a irmã, inclusive, representá-la nesse ofício de fazer sala ao amigo de ambas, nem sequer sabia mais para quê e para quem estava limpando e arrumando a casa, lavando, passando e cozinhando… Será que ela entendeu a observação de Jesus?… E nós, hoje, aqui e agora, será que temos clareza sobre os objetivos e, sobretudo, os destinatários de tudo quanto ao longo da semana andamos fazendo?… Em família, no exercício da profissão, da cidadania e da militância, fizemos tudo com amor e por amor às pessoas?… Há um saldo de satisfação, de prazer, de alegria e de paz em nossos corações que nos permite celebrar a Ceia do Amor e cantar nossos cantos com um sentimento de plenitude?…

É possível que o salto que, de repente, vamos dar possa parecer descabido, mas, de ponta a ponta, na nossa vida em sociedade, hoje em dia mais que nunca, essa pergunta precisa ser feita, e em diversos níveis:

– Em que pensam as pessoas quando saem para trabalhar, todo dia?…

– Em que pensam crianças e jovens quando vão à escola, à universidade?…

– Em que pensam as pessoas que exercem mandatos políticos, no exercício de suas atividades parlamentares, executivas ou judiciárias?…

– Em que pensamos nós quando saímos às ruas e praças numa tarde de manifestação ou protesto?…

– Em que pensam trabalhadores e trabalhadoras num dia de greve e de luta?…

Quem dera que todo mundo tivesse entendido bem a atitude de Maria e o recado de Jesus para Marta e para nós!

*

Dia 06 de agosto será votada em 2º. Turno a “Reforma” da Previdência… A muito custo as oposições conseguiram reverter ou amenizar alguns pontos mais negativos para algumas categorias. Mas,

Muita coisa que prejudicará os que mais precisam ainda permaneceu. E a ameaça maior é a de desconstitucionalizar a Lei da Previdência, podendo-se, no futuro, simplesmente desfazer o pouco que se conseguiu sem maiores exigências legais, com propostas votadas por maioria simples, sem quórum qualificado.

E aí ficará tudo como a criminosa Equipe Econômica do Governo planejou. Como pressionar os que vão votar no dia 06/08, para que o pior não aconteça?…

 2 – DOMINGO DA GRAÇA MAIOR DO QUE O PEDIDO
Lc 11,1-13

Nos momentos de angústia e pavor, nosso “meu Deus!”,  aflora espontâneo, ora como gemido, ora como um grito de socorro, “das profundezas” de nossa fragilidade ou do nosso sentimento de impotência…

Com certeza, não era disso que se tratava no pedido que os discípulos fazem a Jesus para que lhes ensine a rezar?…

E o Mestre a quem recorrem, não somente anuncia a bondade e o cuidado infinitos do Pai para com seus filhos e filhas, mas termina sugerindo aquilo que deveria ser a essência de toda prece verdadeira: o DOM por excelência de Deus, aquele mesmo que lhes seria concedido em abundância na manhã de Pentecostes, ao cabo da primeira de todas as Novenas, o ESPÍRITO SANTO!

Ou seja,
– Aquele que vem preencher toda a nossa “fome e sede da justiça”…
– Aquele que realiza em nós e no mundo as grandes transformações…
– Aquele que dissipa toda escuridão e clareia todos os caminhos…
– Aquele que suaviza toda dor e, nos faz chegar o “Reino de Deus”, que é, justamente, “justiça e paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17).

Tem sido esse o miolo de todas as nossas preces, pedidos e promessas?… Tem sido essa a inspiração maior de nossos cantos e ações de graças?…

E quanto esse pedido se faz necessário nessa conjuntura que, como país, estamos atravessando! Nosso sistema político chega ao fundo do poço. Outro sistema precisa ser construído. E cabe a cada um, cada uma de nós essa tarefa maior. Peçamos ao Pai o Dom maior para darmos conta da nossa missão como cristãos/âs.

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)  

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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