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Pense no que disse um filósofo polonês, falecido há pouco. Disse ele: “ vivemos hoje numa sociedade líquida”. O que ele quis dizer? Sociedade líquida… Pode ser, que vivemos uma época em que as pessoas vivem sem rumo, sem esperança. Cada um vive sua vida como pode e não sabe o que fazer com o resto da sociedade, líquido, sem forma coletiva. Observe o que acontece hoje no Brasil e em nosso próprio município.

Governo federal e Congresso Nacional decidem prejudicar todos os trabalhadores, protegem apenas os militares e a si próprios, com a tal reforma da Previdência. Mesmo sabendo dos prejuízos, não se tem uma rebelião dos sindicatos, dos desempregados, das famílias. Quando muito, apenas murmuram e ainda há muitos que aplaudem seus torturadores..

Observando nossa Amazônia, está em processo de destruição provocada por grileiros, fazendeiros, mineradoras, hidroelétricas. Já destroem 5 mil quilômetros de floresta por ano; acrescente-se 234 novos venenos agrícolas liberados pelo governo, para aumentar a produção de soja e milho, aumentando também várias doenças entre elas, câncer de mama e de próstata. Mas os sofredores não reagem.

Observe nossa região metropolitana, que nome pomposo! Que significará a palavra metropolitana? Em Belterra, nossa antiga Bela terra, um vereador, dono de campos de soja, junto com o prefeito, médico de profissão, foram a Brasília solicitar do governo federal, que acabe com a APA Aramanaí e os projetos de assentamento. Para quê? Para entregar aos sojeiros e empresas de construção de portos nas belas praias de Porto Novo, Cajutuba e outras. Até agora os belterrenses não reagiram.

Em Santarém, o prefeito, apoiado pelos  vereadores, decide sem consultar os moradores da cidade, privatizar o serviço de distribuição de água. Para que consultar a população? Pensa ele, “afinal prefeito sou eu”. Os ditos representantes do povo, vereadores, aprovam tudo o que o prefeito deseja. Este, eleito para administrar a coisa pública entrega à empresa privada e vai dormir sossegado. E a sociedade civil não reage e até aprova, já que a Cosampa não presta bom serviço.

Sociedade líquida, entende? Apenas uma pequena parte dos movimentos sociais publica reclamando que um assunto tão importante para toda a população deve ser bem debatido antes de decidir. Foi um ato de repúdio e só. O prefeito e seus acólitos se consideram donos dos cargos e tratam a sociedade líquida como gado. Assim tem sido no Brasil, na Amazônia, em Belterra, em Santarém e onde mais?…

Tem razão o filósofo, vivemos um tempo de sociedade líquida. Seria até interessante, se as consequências não fossem tão desastrosas para o planeta, para as crianças de hoje, que sofrerão ainda mais daqui a poucos anos.

Comparando com o tempo da Bíblia, somos como o povo Hebreu no exílio da Babilônia. Lá eles choravam, mas esperavam um milagre de Javé. Porém profetas diziam que eles pagavam por desobedecerem as leis da vida. Hoje, a sociedade líquida, que elegeu o presidente que gosta de armas para matar, deputados e senadores que vendem a alma por dinheiro, prefeitos e vereadores que traem seus eleitores, essa sociedade líquida vai viver nessa nova Babilônia até quando? Vai esperar que Deus venha salvá-la? Mas Jesus já fez sua parte e ensinou o caminho da libertação. Por que abusar de Deus?

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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