Djanira Silva 1 de julho de 2019

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Tentei fazer uma trova
Pensando saber trovar
E no fim da dura prova
Só consegui trovejar

A inveja é um favor
Que alguém me propicia
Reconhece o meu valor
Invejando me elogia

Sentir saudade é voar
Nos enganos da esperança
É sempre poder voltar
Novamente a ser criança

O mundo terra estrangeira
Onde cheguei sem querer
E nele prisioneira
Fui condenada a morrer

Tristeza dor que maltrata
E que se aninha no peito
A saudade a gente mata
A tristeza não tem jeito

De você não me desfaço
Nem mesmo desacordada
Pois é nos sonhos que faço
O que não fiz acordada

Quando tua alma apressada
Cedo partiu para o além
Nos teus olhos sepultada
Minha’alma partiu também

Cantava todo fagueiro
Nas tardes frescas de abril
O bemtevi fuxiqueiro
Dizendo o que nunca viu

Aqui cheguei sem querer
E fiquei sem desejar
Mas se for para morrer
Pretendo me acostumar

À noite durmo enganando
A dor que me faz sofrer
Peço à saudade chorando
Pra me lembrar de esquecer

Saudade é sempre uma dor
Quer de noite quer de dia
Na luz do sol é amor
Na da lua é nostalgia

Nunca ajude o incompetente
O invejoso e falaz
Pois ele corre na frente
Passando você pra trás

Histórias tristes sofridas
Tenho muitas pra contar
Pois a saudade enxerida
Sempre me obriga a falar

Pela vida fui levada
A fazer o que bem quis
Fui uma moça falada
Alegre livre e feliz

De um amor verdadeiro
Ninguém se esquece jamais
Torna-se dono e posseiro
Do coração não sai mais

Criança contei estrelas
Numa infantil ilusão
Hoje consigo inda vê-las
Na palma da minha mão

Obs: A autora é poetisa, escritora contista, cronista, ensaísta brasileira.

Faz parte da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste, Academia Recifense de Letras, Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda, Academia Pesqueirense de Letras e Artes , União Brasileira de Escritores – UBE – Seção Pernambuco
Autora dos livros: Em ponto morto (1980); A magia da serra (1996); Maldição do serviço doméstico e outras maldições (1998); A grande saga audaliana (1998); Olho do girassol (1999); Reescrevendo contos de fadas (2001); Memórias do vento (2003); Pecados de areia (2005); Deixe de ser besta (2006); A morte cega (2009). Saudade presa (2014)
Recebeu vários prêmios, entre os quais:

Prêmio Gervasio Fioravanti, da Academia Pernambucana de Letras, 1979
Prêmio Leda Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras, 1981
Menção honrosa da Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1990
Prêmio Antônio de Brito Alves da Academia Pernambucana de Letras, 1998 e 1999 
Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2000
Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2010
Prêmio Edmir Domingues da Academia Pernambucana de Letras, 2014

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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