1 de julho de 2019
Em cada pingo de chuva a minha vida falhada chora na natureza. Há qualquer coisa do meu desassossego no gota a gota, na bátega a bátega com que a tristeza do dia se destorna inutilmente por sobre a terra.
Chove tanto, tanto. A minha alma é húmida de ouvi-lo. Tanto… A minha carne é líquida e aquosa em torno à minha sensação dela.
Um frio desasossegado põe mãos gélidas em torno ao meu pobre coração. As horas cinzentas alongam-se, emplaniciam-se no tempo; os momentos arrastam-se.
Como chove!
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
Obs: Imagem enviada pelo autor
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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