Padre Beto 15 de julho de 2019

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Nascido com nanismo, Finbar escolhe uma rotina de reclusão para fugir da atenção demasiada que a sua pequena estatura provoca. Ele passa a maior parte do tempo cuidando de sua maior paixão: os trens. Após uma série de eventos, Finbar se muda para uma estação de trem abandonada, onde espera ter a paz que tanto deseja. O filme “O Agente da Estação”, do diretor Thomas McCarthy, faz uma reflexão sobre a verdadeira grandeza que o ser humano pode ter.

Tiago (3, 16-4,3) nos fala de um sentimento que temos grande dificuldade em admitir que possuímos: a inveja. Qual a origem da inveja? Podemos dizer que a inveja surge de um ego exacerbado somado a um desejo de possuir aquilo que o outro conquistou. O invejoso possui um enorme ego (sintoma de uma baixa auto-estima) e possui como objeto de desejo o resultado do trabalho do outro, o sucesso do outro. Ele não deseja trabalhar e se esforçar para alcançar aquilo que pode alcançar, ele deseja simplesmente o posto do outro, o seu sucesso, a sua fama. A inveja é típica dos egos incompetentes e preguiçosos. Por isso que Tiago afirma que o invejoso cobiça, mas não consegue ter, não possui êxito, pede, mas não recebe. O invejoso deseja o que é do outro, porque não acredita em sua capacidade. Ele tem medo do fracasso. Este sentimento Tiago constata na relação homem e Deus. O invejoso prefere acreditar em um Deus que lhe dá à medida que pede. Deus lhe dá saúde, emprego, sucesso, etc. Sua citação preferida dos Evangelhos é “pedi e vos será dado” (Mt. 7, 7-11), porém ele pinça esta frase sem analisar o texto todo, sem perceber que o que vem logo em seguida é a famosa “regra de ouro”: “tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles”. É difícil para o invejoso acreditar em um Deus que exige de nós o desenvolvimento de nossas capacidades que já as recebemos juntamente com o dom da vida. Deus nos dá o dom da vida e espera a nossa resposta. À medida que damos nossa resposta, ou seja, desenvolvemos nossas potencialidades, Ele realiza junto. Em outras palavras, somos co-autores de nossa história. A figura do invejoso ao encontro da sociedade midiática em que vivemos. Nela somos acostumados a uma “encenação do Eu”. O invejoso que não consegue realmente ser possui pelo menos a chance de encenar seu “eu” frente aos outros. Por exemplo, através de ações filantrópicas ele consegue aparecer nas colunas sociais como alguém que contribui para o bem comum. Isso é estimulado pelo sentimentalismo político. Os políticos precisam e estimulam a filantropia, pois ela cumpre, de certa forma, o papel que o Estado deveria cumprir e este por sua vez pode utilizar o nosso dinheiro para outros interesses. Ao mesmo tempo, as pessoas que gostam de encenar o eu acabam entrando no jogo.

O Cristo prega o contrário: aquele que deseja ser o primeiro, que seja o último, nós viemos para servir (Mc 9, 30-37). Para compreender isso é necessário resgatar uma palavra que parece antiquada para os nossos dias: a nobreza. Nobreza não possui relação com classe social. Existem pessoas que são pobres e extremamente nobres e outras que possuem um grande poder aquisitivo e um nenhum nível de nobreza. A nobreza se caracteriza pela dignidade de construir por si mesmo a própria vida. O nobre (oposto do invejoso) não espera receber o que é do outro, ele busca (mesmo que com pouco) realizar o que é seu. O nobre faz, realiza e aqui está a sua grandeza. O nobre faz porque tem que ser feito e não para mostrar aos outros.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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