Rejane Menezes 15 de julho de 2019

[email protected]

Desde a campanha para eleição presidencial no Brasil, no ano passado, que um termo tem estado em evidência, correndo as redes sociais – Fake News – ou, simplesmente, notícias falsas. Mas, convenhamos, em inglês tem mais charme de se falar.

As tais das Fakes News deturparam a eleição, levaram milhões de brasileiros e brasileiras a se alimentar de suas mentiras, deixando-se levar por todo um emaranhado de fofocas, invenções absurdas, fotos e vídeos montados, nos surpreendo com a quantidade de pessoas que formam a massa de manobra de tolos nesse País.

As “notícias” fabricadas, por vezes, eram tão inverossímeis e grotescas que, confesso, houve momentos em que achei que estava havendo uma espécie de distribuição coletiva de drogas e as pessoas não estavam controlando seus pensamentos e decisões. Algumas vezes até com caráter pornográfico, eram compartilhadas pelas mais “pudicas” das pessoas, porque o “mal” tinha que ser combatido.

Enfim combateram o mau combate, deixaram o mal vencer e, pior de tudo, ainda há quem não se tenha dado conta desse absurdo e ainda vá às ruas prestar seu apoio.

Famílias racharam, amizades se desfizeram, a intolerância prevaleceu e o ódio está a solta no país, espalhando terror e desespero, desrespeitando opções religiosas e sexuais, destruindo Terreiros, espancando e matando homossexuais e, os que detêm o poder político e econômico, tomando direitos e ficando cada vez mais ricos e poderosos.

Mas antes mesmo da Fake News ficar famosa, existe um outro tipo de Fake que está ao lado da gente, em casa, na escola, no trabalho ou na Igreja. Forte, poderosa e manipuladora tal como a Fake Newsou doce, compreensiva e sempre amável,  causa danos, brigas, rachas e prejuízos de várias espécies.

São as Fake Peoples. Quem não conhece alguém assim? Aquelas pessoas que sabem, como ninguém, se autopromover, vender uma imagem de que são, exatamente, o que os outros estão precisando. Claro que existem nomes mais antigos para esse tipo de pessoa, mas, nesse momento em que vivemos, Fake people me parece o que mais se encaixa.

No ambiente profissional as Fake Peoples se apresentam como a mais competente, a mais eficiente, e, silenciosamente, vão se escorando nos colegas de trabalho e, no final das contas, não fazem nada, mas levam a fama. Frases como “se fulano sair o que faremos?” são muito comuns, porém de resposta rápida e prática: ora, contrata outra pessoa. E ponto.

Ao longo da minha vida encontrei muitas fake peoples. Tive, por exemplo, uma colega de trabalho, há alguns anos, que era competente em uma coisa: iludir os outros de que era a melhor. Mas todo Judas sempre encontra a sua própria corda um dia, não é mesmo? Porque chega um dia que a máscara cai ou pelo menos racha e a verdadeira face se mostra.

Em tempos de tanta mentira, tanta ilusão, tanta hipocrisia na história desse país, de tanta tristeza e desencantos, já não seria o momento de as pessoas acordarem e procurarem, como se diz, separar o joio do trigo? Vamos abrir os olhos e procurar descobrir quem são as fake peoples e rever os nossos conceitos e preconceitos.

Há prazo de validade para a alienação e a defesa do indefensável. Os danos dessa ilusão coletiva já são enormes, os prejuízos à população só aumentam, a desesperança ronda em cada esquina.

Se você ainda acredita e, fake News e fake people, meus pêsames. Você continuará a alimentar o buraco para o qual o país está se dirigindo.

Se você pelo menos está começando a duvidar, parabéns,, seja bem vindo à turma dos que lutam, de verdade, por um melhor, para todos e todas e não apenas para alguns.

Chegou o momento em que temos que decidir se queremos o melhor apenas para uns ou para todos. Não ajude os ricos a ficarem cada vez mais ricos. Porque se você não for um deles, não vai sobrar nada pra você.

Diz a música que quem sabe faz a hora não espera acontecer. Então vamos fazer a hora e impedir que o Brasil se torne, ele próprio, uma imensa Fake News. Está na hora de cada brasileiro, de cada brasileira, voltar a ter direito de ter direitos.

Obs: A autora é jornalista, blogueira e Assessora de Comunicação do IDHeC – Instituto Dom Helder Camara.
Imagem enviada pela autora
Site – jornalistasweb.com.br
blogs – [email protected] 

jornaloporta-voz.blogspot.com.br
encontrodapartilha.blogspot.com
 instutodomhelder.blogspot.com

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]