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Duas pessoas que provavelmente nunca se encontrariam: Era, uma jovem viciada e ninfomaníaca, e Lazarus, um ex-músico, homem temente a Deus e recém abandonado por sua esposa. “Entre o Céu e o Inferno”, de Craig Brewer, constrói mais que uma convivência entre duas personagens. Envolto no melhor do mundo do blues o relacionamento entre os dois se transforma em uma amizade baseada em perda, desejo e, sobretudo, na busca de paz.

Na cena descrita por Marcos 8, 27-35, Pedro possui duas posições antagônicas. Em primeiro lugar, Pedro faz sua profissão de fé declarando Jesus como Messias. Uma resposta que é elogiada por Jesus no Evangelho de Mateus: “…não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus.” Mas, depois de Jesus dizer que será perseguido e morto, Pedro o repreende e recebe de Jesus uma declaração extremamente forte: “Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens.” Em Pedro encontramos duas linhas de pensamento que podem nos influenciar: o pensamento divino e o pensamento demoníaco. O segundo não se manifesta pela possessão de um ser maligno, mas por uma característica humana: o egocentrismo, a tendência que coloca, acima de tudo, o desenvolvimento individual. Quem é impulsionado por um pensamento demoníaco busca a auto-proteção e, portanto, seus atos são aprisionados por um medo diante do risco, diante das escolhas, diante do possível sofrimento. A pessoa que possui um pensamento demoníaco cai sempre no mesmismo e não arrisca algo novo. A segunda característica deste pensamento é o fechamento em si mesmo, o cuidado somente com sua vida. Ele se concentra demasiadamente em si, tendo a necessidade de se dar bem em todas as circunstâncias, mesmo que isso lhe custe a ética, o respeito, a dignidade. O pensamento demoníaco nunca está pronto a renunciar de si mesmo por causa de algo maior, por exemplo, pelo bem comum. Por consequência, este tipo de pensamento é destruidor. Ele não gera vida, porque é incapaz de se doar. Contra este tipo de pessoa Jesus nos adverte: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!” (Mt. 10, 28). O possuidor de um pensamento demoníaco, além de destruir sua própria alma na tentativa de protegê-la, acaba desanimando outras pessoas e destruindo suas almas, aquilo que os impulsiona para a vida.

Quem é movido pelo pensamento divino possui, antes de mais nada, um respeito profundo diante da vida. Ele não enxerga sua vida individual desvinculada do contexto total da vida, mas sempre está em interação viva com a totalidade. Portanto, sua alegria é o desenvolvimento da vida em seu todo, mesmo que isso lhe custe a diminuição da sua. O pensamento divino nunca nega sua ética, honestidade e dignidade para defender a justiça e ir contra toda forma de obstáculo e repressão à vida. Desta forma, o pensamento divino nos leva a nos desprender da vida individual e nos atira às experiências da existência. Justamente nesta escolha que nos encontramos: cultivar um pensamento divino ou demoníaco. Todo pensamento (divino ou demoníaco) transforma-se em prática de vida. Porém, o pensamento demoníaco pode nos levar a falar de Deus, de Jesus, a professar uma fé, mas nunca transforma todo este conteúdo em comportamentos, pois seu único objetivo é o bem individual, o poder pessoal. Falar de Deus é fácil, mas transmitir Deus através de nossos atos é o nosso grande objetivo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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