1 de julho de 2019
Eu, palhaço despejado de meu circo
despojado de minha lona
atirado às calçadas dos pardieiros
demente na loucura coletiva das grandes
avenidas obtusamente concretas
de onde fui varrido às sarjetas
e em sua repugnância mal-iluminada
encontrei convivendo todos os
últimos heróis e poetas do Universo.
A poesia suicidava-se.
Eu, vagabundo atônito
bêbado e vomitando lama
palhaço restrito ao subterrâneo
único animal ainda a mostrar os dentes.
O riso! o riso histérico
e neurótico das civilizações decadentes.
A poesia morreu!
Matou-se hoje à tarde
fechada num quarto a poucos metros de nós.
Um pouco de silêncio, por favor!
Obs: Texto retirado do livro do autor – É Lenta a Palavra Tempo –
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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