http://obviousmag.org/denis_athanazio/
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_ Doutor.. é estranho o que vou dizer…
Eu sinto muito.
_ Como assim? Continue..
_ Doutor, eu sinto tudo
As dores do mundo
Do trabalhador e do vagabundo
Tô com os nervos à flor da pele
Mas sensível que a pele da flor
Meu corpo sente…e muito, de tudo.
Pra ele não consigo mentir
Ah, bem que eu gostaria
Me facilitaria…
Mas ele me cobra com juros
E eu jurei que pagaria
Mas amanheceu o dia
E estou novamente endividado, sabia?
_ O que eu preciso doutor,
É que o senhor me ajude
A sentir menos e não mais dor
Que a preocupação se apresente
Em suaves prestações de angústia
Uma de cada vez conforme o dia presente.
_ Doutor, quero e preciso ser
Sofisticadamente mais simples
Conseguir deixar as coisas
Um pouco pra lá,
E viver a vida
contando com o “sei lá”
Sem pretensão, sem pretérito,
Abraçar o imperfeito
Amansar sem matar o que sinto
Pois sinto muito
Mas quero sentir pouco
Um pouco menos
Calmaria, sem calafrios,
Com intensidade moderada
Como a paixão de inverno
Que é frio,
por um simples motivo,
O de poder se esquentar ao lado
De um outro alguém.
_ É isso doutor. Isso tudo
Que te contei ou melhor dizendo
Vomitei, não sei.
Talvez eu não tenha salvação.
Ou quem sabe,
Eu só precise de atenção,
De um ouvido atento, de um olhar sem medo.
Sem apontar o dedo.
O que eu sinto já te falei que é muito.
Doutor, você está aí atrás ainda?
_ Sim. Acho que sim. Responde o doutor e continua:
Podemos deixar agendado as sessões toda segunda quarta e sexta para os próximos 5 anos? O que acha?
Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.