Escura é a dor derramada na indiferença (im)perfeita de nossos estranhos silêncios…
As madrugadas me assustam como idéias (im)pensadas em delírios amordaçados…
Aniquilo-me outra vez no espanto de ser,
sentimento de eternidade sustentado no confronto do tempo…
Há pausas que rompem esta seqüência, desnudando aparências, dedilhando sonhos no desafio de ultrapassar ” o aqui e o agora”…
Há sombras fragilizadas em soluços intermináveis,
alma (des)armada no mergulho selvagem de tuas ironias esquecidas na alma empoeirada,
olhar vago a carregar atropelos e lamentos…
Sinalizas gestos contraditórios na travessia de fronteiras…
Na solidão desfolhada,
tamanha fúria indomável,
afinidade esquecida na aflição,
sonolenta saudade a transbordar na prece trêmula que se espraia, um labirinto de emoções…
Como segurar a esperança em campos minados?…
Como colorir nossas faces em lágrimas permanentes?
Tenho medo de perder esta (in)segurança que me deixa ávido na urgência de tocar retalhos de tua enigmática entrega…
Tenho medo de perder esta ousadia de cantar na derradeira estação teu descolorido e amargo luto,
sabor de morte nas mãos feridas de desenganos…
Tenho medo de perder-me em “memórias esquecidas”…
No grito convulso filtro o sumo de teus lábios congelados,
mormaço da minha nostalgia enrugada a sinalizar telas secretas e suadas de sonhos que sangram no corpo,
cálice sagrado onde nos bebemos sem nos tocarmos…
Há cores e sensações..
Há um vazio distante e rebelde…
Há borbulhas nas veias inflamadas,
vulnerável paz no baralho abominável da insensatez…
Na penumbra de teus acenos imagino asas partidas carregando fragmentos contraditórios,
rasgos assustados,
puro murmúrio,
cantigas emudecidas…
Habitas na melancolia e na cicatriz impregnada que nos devoram em vôos turbulentos,
mar aprisionado a dedilhar o cotidiano de mim mesmo…
06.10.2009 – 12:56h