Padre Beto 1 de maio de 2019

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A professora de uma escola primária, o diretor, o zelador e quinze pais estão reunidos na mesma sala para resolver uma situação constrangedora: foi encontrado na carteira de um aluno de 10 anos um pacote de maconha. Acusações, intrigas e muitas revelações vêm à tona enquanto cada um dos pais tenta proteger a própria família. “Quart4B”, de Marcelo Galvão, é um laboratório que mostra o individualismo, os medos e preconceitos presentes na formação das crianças em nossa sociedade.
Nós não podemos perder de vista que os Evangelhos são anúncios sobre Jesus Cristo, ou seja, não são biografias, mas um retrato do que significa Jesus Cristo e como podemos incorporá-lo em nossa vida. Neste contexto se encontra a visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). Nesta, Lucas coloca na boca de Maria uma compilação de citações do Antigo Testamento e cria um texto, conhecido como Magnificat, que, na sua maioria, é inspirado no cântico de Ana (1 Sm 2, 1-10). Aqui nós já encontramos algo significativo. Ana é uma mulher estéril, Maria, por sua vez, uma mulher virgem. Dois extremos que possuem algo incomum: a impossibilidade de gerar vida. Mas, o hino que as duas proclamam é um hino de transformação radical da vida. O Magnificat possui dois temas básicos: o primeiro é o reconhecimento pessoal da grandeza de Deus e das grandes coisas que Deus nos fez. A dignidade só é conquistada a partir do momento que reconheço que sou digno. A liberdade só é exigida a partir do momento que me sinto no direito de ser livre. Como Maria, nós precisamos passar por uma transformação de mentalidade reconhecendo em nós a grandeza que Deus nos concedeu: o dom da vida, as potencialidades que possuímos e que podemos desenvolver. Da mesma forma, inicia Jesus sua vida pública. Em Lc 4, 18s. Jesus cita Isaias: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu”. Sentir-se ungido por Deus e a presença de seu Espírito em nós é o primeiro passo para a vivência de cristão. Nós somos filhos de Deus e este reconhecimento gera ao mesmo tempo uma gratidão diante de Deus e a transformação de nosso ambiente através de nosso ser. O segundo tema do Magnificat é a luta contra a injustiça e a desigualdade social. Se somos filhos de Deus é incompreensível a constatação de que alguns podem ter acesso a uma boa educação e outros não possuem este direito garantido. Não é possível que alguns filhos de Deus possam ser atendidos por um bom sistema de saúde e a maioria fique à mercê de um péssimo atendimento. Não deveria ser aceitável a desigualdade social devido à péssima distribuição de renda. Nesta linha do Magnificat começa Jesus a sua vida pública (Lc 4, 18s) quando se declara ungido por Deus para evangelizar os pobres, proclamar a liberdade aos oprimidos e um ano de graça do Senhor. Jesus veio para proclamar o Evangelho (Boa Nova) aos pobres e isso significa declarar o seu valor como pessoas humanas e filhos de Deus. Assim, acompanhamos Jesus por todo o Evangelho de Lucas com uma postura extremamente libertadora que valoriza o ser humano e critica qualquer forma de exploração e discriminação. Como no Magnificat, todo Evangelho de Lucas anuncia um retrato de Jesus que exige, ao mesmo tempo, uma transformação individual e uma transformação social. Uma não está desligada da outra e as duas devem acontecer simultaneamente. Eu transformo meu ser e minhas atitudes quando reconheço quem sou e, por conseqüência, transformo meu universo. Muitos precisam de uma transformação social para se encontrarem como filhos e filhas de Deus. Este é o nosso desafio como cristão: na transformação individual dar passos para uma transformação coletiva.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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