http://obviousmag.org/denis_athanazio/
https://denisathanazio.wordpress.com
Ela não lê muitos livros
E confessa o pecado
De estar em falta
Com os coitados
Ela seduz
E sentimentaliza a razão
Ela sente com a cabeça
E raciocina com o coração
Ela desconfia das estatísticas
Mas ainda acredita
Nas histórias contadas
Através das palavras
Sopradas ao vento
De qualquer um
Que se apresente
Até mesmo aqueles
Que para ela mentem
Ela não teoriza a dor do amigo
Ela vai de frente
Torna-se o próprio ombro
Sem pensar no peso
Ela remove os escombros
Ancora seu cuidado
Até o barco amigo acreditar
Que já possui forças
Para do cais desatracar
As dores e cores do mundo
São seu universo
Ela tem muita energia
Ela erra por impulso
Diz e faz coisas
Em momentos inoportunos
Mas acerta muito também,
Por impulsionar algumas vidas
Quando desanimadas te procuram
Exigindo uma visita
Sobre os teóricos do conforto próprio
Ela tem preguiça desses críticos de sofá
Que não vai a luta
Que vaia a luta alheia
Que para eles
Ninguém na terra
Vale a pena o seu penar
Esses sabem ler textos
Mas não sabem ler pessoas,
Nem o mundo
São analfabetos dos afetos
Ela nunca morrerá de infarto,
Ela chora sem vergonha
Suas lágrimas rolam morro abaixo
Não tem dedo
Nem freio de mão
Que as impeçam de descer
Mas talvez venha a falecer
Se o encontro humano lhe faltar
Se gente não querer mais ser gente,
Se lhe ausentar o olhar.
Ela é assim
Evoluída como uma tulipa
Se abre e se fecha
Para a estrada,
Para a vida
E por onde anda,
Seu carisma encanta
E a memória teimosa
Dela se esquece de esquecer
Ela não planejou nada disso
Só desejava ser ela
Tudo o que mais queria
Era vir-a-ser
Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.