Rômulo Viana 15 de maio de 2019

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O ano era 1998. Os primeiros alunos que chegam sentavam nas calçadas da vizinhança até a abertura dos portões. Era um momento de ver quem tinha feito a lição anterior e pedir colega. A preocupação maior era com as tarefas de português, não pela complexidade dos exercícios (talvez) mas pela postura dura da professora. E o sofrimento começava bem antes mesmo da aula.
Era sagrado, sempre faltando poucos minutos para a campainha, nos dias de aula da professora de língua portuguesa, um carro, carro não, um fusquinha aparecer quase que do nada, bem em frente ao portão da escola. Era o sinal de que a temível professora não faltaria. E mais: que haveria castigo para aqueles que não fizeram a tarefa.
Ela era de estatura mediana, meia idade, de pouco riso e de postura sempre rígida. Seu nome?…
Mas o fato é que em certo dia, após devolutiva de provas, duvidei da majestosa mestra do saber. Fui ousado e desobediente. Disse:
_ professora essa questão aqui acho que está correta.
Ela, em respiração compassada, retrucou: prove-me!
Passei o dia seguinte lendo e relendo conceitos de orações coordenadas num antigo manual do preparatório para cadetes da aeronáutica.
Mostrei o contraponto a mestra. De nada válido. Eu estava completamente errado. Ela aproveitando o momento fez a correção diante dos alunos e aproveitou para as lições de vida que eram corriqueiras para a turma.
Muitos anos depois a encontrei. Tomei coragem e me apresentei como ex-aluno. Ela quis saber o que eu estava fazendo. Em poucos instantes relatei a minha trajetória de vida desde 1998 finalizando o quanto suas aulas foram e lições foram importantes para a minha vida e formação. Disse também que cursara Letras. Ela me abraçou e confessou o quanto estava feliz.

Obs: O autor é poeta e fotógrafo amador. Trabalha na UFOPA / campus de Óbidos.

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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