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Eu estava abatido
Precisava desabafar
Marquei com um amigo
E ele desabou no meu lugar
Ao invés de falar, eu escutei
Engoli o choro
Na mesa de um bar
No ponto de ônibus
Com um estranho
Tentei me comunicar
Depois de 15 minutos de lamento
Percebi que ele não ouvira nada
O indivíduo estava
Demasiadamente amasiado
Com o seu celular
Eu precisava que alguém me ouvisse
Então bati na porta da igreja
Para com o padre me confessar
Ele estava tão velhinho e cansado
Que de dentro do confessionário
Ouvi o seu rouco roncar
Resolvi então conversar sozinho.
Na praça, evitei a voz alta
Com medo de parecer louco.
Falei baixinho
Como se fosse um sopro
Então ironicamente sorri
Sentindo – me um idiota sem fim
Mas ali mesmo no banco
Debaixo de uma pitangueira
O tempo resolveu me ouvir
E consolado,
Adormeci dentro de mim.
Acolhido pelo tempo
Eu entendi
Que só se consegue
Escutar alguém legitimamente
Aquele que permite
Que silêncios habitem
Dentro de si
Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.