É a partir deste método de educação em valores, exigente e desafiador para a pedagogia contemporânea, que temos de promover a hospitalidade.

Os desafios para a promoção da hospitalidade são idênticos aos da promoção de qualquer outro valor intrínseco. Ao longo da história, procurou-se promover os valores a partir de três estratégias:

Doutrinamento − Foi o que todos nós aprendemos no catecismo. Trata-se de transmitir o valor de uma geração para outra, dos velhos para os jovens, a fim de que o depósito de valores não se perca. Não procura entender, nem ao menos discutir o conteúdo do depósito, mas obedecer. Obediência cega frente o critério deste modo de formar em valores é imprópria para pessoas adultas.

Informação − Nos últimos tempos, ante o fenômeno da secularização e pluralismo, em que nos defrontamos sempre mais com “estranhos morais” que “amigos morais”, se generalizou outra tática. A educação em valores foi reduzida a um mero processo de “informação” sobre eles, evitando-se qualquer tipo de envolvimento, juízo crítico ou opinião, seja de uma postura ou outra. A tese que impera hoje é a da “neutralidade” axiológica de quem educa. Educar seria simplesmente informar, preservando a completa neutralidade do educador!

Atitude deliberativa − Para Diego Gracia, bioeticista espanhol, nenhuma destas duas estratégias é a correta. Precisamos aprender a deliberar em relação aos valores, tanto individual como coletivamente. Aqui nasce a terceira postura, “a atitude deliberativa”, que não é impositiva e advoga a neutralidade. “Formar nesta nova atitude é uma das questões mais graves e urgentes do momento atual. A formação em valores é muito complexa, porque diz respeito à dimensão mais profunda de todos os seres humanos”, diz Diego Gracia.

O processo de formação pode ser de três tipos quanto aos objetivos:

O conhecimento teórico – Fica-se simplesmente na formalidade da teoria, e estes conhecimentos são os mais fáceis de abordar. Até com idades avançadas, podemos adquirir conhecimentos.

Adquirir habilidades – Diferenciam-se dos anteriores por serem práticos e situarem-se no mundo das relações concretas entre humanos. Adquirem-se não através do estudo teórico, mas da prática, do tirocínio e exercícios.  Sabemos que a habilidade do sistema nervoso em adquirir novas habilidades se perde muito rapidamente ao longo da vida. Na área do cuidado dos enfermos, por exemplo, não basta conhecimento teórico, de como cuidar com competência técnica e humana, para além deste nível teórico é necessário adquirir destreza instrumental e  prática, mas e o que conta são as habilidades humanas da arte de cuidar.

Trabalhar as atitudes e/ou caráter da pessoa − São os mais profundos, se adquirem muito cedo na vida (criança na relação com os pais e avós), e permanecem indeléveis durante toda a vida. O desafio de educar em valores é que tem a ver com estes três níveis, ou seja, com conhecimentos teóricos, habilidades práticas e atitudes e/ou caráter das pessoas. Daí a necessidade que a educação em valores se inicie desde a mais tenra idade. Nas pessoas adultas, as atitudes básicas e as características de caráter não podem se modificar facilmente, a não ser através dos conhecimentos e habilidades. Nisto consiste o procedimento que Diego Gracia denomina de “deliberação”, como sendo “um procedimento intelectual, racional, que nos torna conscientes dos valores assumidos de modo inconsciente em nossa infância e juventude, que devemos reafirmá-los ou corrigi-los e, em qualquer caso, analisá-los criticamente e assumi-los de modo autônomo e responsável”. É a partir desse método de educação em valores, exigente e desafiador para a pedagogia contemporânea, que temos de promover a hospitalidade

Destaque:

É a partir deste método de educação em valores, exigente e desafiador para a pedagogia contemporânea, que temos de promover a hospitalidade.

Obs: Artigo postado  na Família Cristã
Fonte: FC edição 932

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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