Não há canto quando todo canto é canto. É difícil estar em todo lugar e mesmo assim fazer acontecer, tentar colocar as coisas em ordem mesmo quando se está tão desarrumada por dentro.
E às vezes, surpresa, ver uma lágrima escorrer, empurrada pelas emoções. Mas o tempo é curto quando se nasce mulher, então com as costas das mãos a gente tira a invasora e segue caminho, sabendo que há tanto a fazer e pensar todo santo dia.
Engolir o choro, esquecendo suas tristezas não é lá muito fácil, mas é humano e recompensador quando se é mulher. Só uma mulher sabe o que é estender a mão com amor mesmo quando sua fragilidade a quer derrubar.
Parecemos sempre correr contra o tempo, numa certeza absurda que somos agentes transformadores do mundo.
Ah! Se todas as mulheres soubessem a força que tem!
Seu peito é foice que abre caminhos na mata quando necessário, mas que explode em choro ao ver alguém sofrendo ou quando a carga parece demasiadamente pesada.
É capaz de chorar convulsivamente quando o tempo a deixa desabar, enfim, num canto qualquer, mas também de gargalhar feito criança por uma bobagem.
Sim, não é fácil ser mulher. Além de tudo, de todas as funções, há de ter fôlego extra para proteger seu canto numa sociedade machista, que parece não ter evoluído o suficiente durante toda a existência. Não, ela não entende, mas não se rende.
É capaz de arrumar a bagunça da casa e ficar linda em 5 minutos, assim como descer do salto, colocar uma roupa qualquer e sair por aí, respirar o mundo, jogar-se no mar ou apenas ficar quieta, num momento unicamente seu.
E que perdoem todas as pseudo loucuras que fazemos, todos os impulsos de emoção vindos do coração e todas as nossas explosões num implorar de se fazer entender, mas é que nossa luta é grande, nosso relógio é acelerado e nosso amor é muito.
Além do mais alguém nos disse antes de chegarmos aqui:
Não vai ser fácil, mas só não vale desistir!
Sim, e a gente comprou essa briga.
Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/
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