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É de Gordon Thomas  o livro que dá título a este artigo. Trata-se de jornalista  investigativo inglês, com mais de 50 livros publicados, num total de mais de 45 milhões de cópias. É de impressionante competência, nos assuntos tratados no livro, a lista de pesquisadores com que ele abre essa obra jornalística. O alentado volume, de 379 páginas, foi publicado no Brasil pela Editora Geração, e tem por objetivo esclarecer de uma vez por todas – e o consegue com profundidade e clareza – o papel  secreto, prudente, diplomático e eficiente do Papa Pio XII,  na questão dos judeus, particularmente os de Roma, perseguidos  pela insana barbárie nazi-fascista. A leitura do livro – e, diria melhor, seu estudo aprofundado – é imprescindível para todos aqueles, que se interessam por conhecer a verdade dos fatos, desse período sombrio da história contemporânea, que cobriu nossa civilização de “suor, lágrimas e sangue”, na conhecida expressão de Wiston Churcill.

 O autor, na introdução do livro, transcreve a declaração do gênio da física,  Albert Eisntein, judeu, à revista TIME no Natal de 1940: “Somente a Igreja Católica se colocou no caminho da campanha de supressão da verdade, promovida por Hitler. Ela, sozinha, teve a coragem e a persistência de defender a verdade intelectual e a  liberdade moral.” Gordon Thomas cita ainda uma carta escrita em 1943 por Chaim Weizmann, depois primeiro presidente do  Estado de Israel, em que ele agradece o apoio dado pela Santa Sé, ao oferecer ajuda poderosa para atenuar os sofrimentos de seus irmãos na fé. Mons. Magee  em conversa com o autor chamou de “calúnias ignóbeis” as acusações contra Pio XII de omissão na defesa dos judeus.

Fica claro que depois da condenação do nazismo pela “Mit brennender Sorge” de Pio XI, seu secretário de Estado e sucessor, Eugênio Pacelli, Pio XII, só devia agir como ele fez, na defesa e proteção dos judeus. Outra encíclica, repetindo a condenação do  nazismo e sobretudo sua política racial, pareceu ao novo Pio desnecessária, inoportuna e ineficaz. Ele optou pela ação, protegendo aos milhares, particularmente judeus do guetto de Roma. Determinou escondê-los nos conventos, sobretudo  femininos, mais inacessíveis, mais resguardados, e ajudou-os na  manutenção e fuga com segurança para fora da Europa.

Em 30 de novembro de 1938, após a famosa Kristallnacht (Noite dos cristais), em que a fúria nazista queimara sinagogas, casas e lojas de judeus em toda a Alemanha, começou o plano de Pacelli para salvar os judeus na Alemanha. Enviou uma mensagem urgente e codificada aos bispos da Igreja alemã, conseguindo que milhares de judeus saíssem da Alemanha nazista. Os números reais permaneceram em segredo até 2001 – informa Gordon – quando se soube  que  pela ação dos bispos, convocados por Pacelli duzentos mil judeus conseguiram sair da Alemanha nas semanas seguintes à Kristallnacht.

A História ainda fará justiça à figura corajosa e intrépida do Papa Eugênio Pacelli.

Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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