Padre Beto 1 de abril de 2019

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O filme de Steven Soderbergh “Che 2 – A Guerrilha” narra a história da campanha boliviana de Che, um conto de tenacidade, sacrifício, idealismo e de arte de guerrilha. Após a Revolução Cubana, Che estava no auge de sua fama e poder mas, mesmo assim, o revolucionário não se acomoda. Em busca de uma transformação mundial Che se entrega totalmente como alimento para muitos sonhos ainda não realizados.

Em Jo 6, 24-35, Jesus nos alerta para procurarmos não o alimento que se perde, mas o alimento que permanece até a vida eterna, ou seja, não o alimento que nos satisfaz temporariamente, mas o alimento vital que gera vida em nós. No mesmo texto de João, Jesus se apresenta como este alimento vital: “Eu sou o pão da vida”. O alimento vital que é Jesus como Cristo é aquele que gera vida e até mesmo o alimento que necessitamos diariamente para sobrevivermos como seres humanos. Não de uma forma mágica, mas de uma maneira muito concreta. Jesus se apresenta como alimento para nós através de sua Palavra e através da Eucaristia. Estas duas realidades são alimentos que nos transformam e transformam nossa realidade em vida significativa. Ao nos alimentarmos do Cristo, nos reconhecemos como espíritos divinos. Desta forma, assimilamos de uma forma muito concreta que podemos ser e fazer como filhos de Deus, ao mesmo tempo em que exigimos ser tratados com dignidade. O alimento que é o Cristo em nós faz também surgir o Reino de Deus. Ao reconhecer o espírito divino em mim reconheço, também, o espírito divino em cada pessoa humana. Desta forma, assumo a postura de respeito diante de meus semelhantes e de compromisso diante deles. Reconhecendo o espírito divino em mim e construindo o Reino de Deus ao meu redor, começo a viver, no aqui e agora, a Vida Eterna. Vida Eterna não deve ser compreendida em seu sentido horizontal, ou seja, no sentido de uma vida que não possui fim, mas em seu sentido vertical, no sentido de qualidade, de significado. Ao me colocar diante do mundo como espírito divino e ver os outros como tais ganho a liberdade fundamental que me faz ter uma vida eterna, uma vida de significado. Ganho a liberdade para ser, para ser autenticamente, a liberdade para fazer, para ter atitudes concretas diante das situações que as transformem para o bem. Perco o medo de ser e de fazer. Não espero que os outros façam, mas tenho a liberdade corajosa de fazer. Me sinto responsável pelo mundo a minha volta, o que me faz responder solidariamente às questões que me são apresentadas pelas situações. Por fim, por mais estranho que pareça, ganho a liberdade para morrer. Isso mesmo, me alimentando do Cristo ganho a consciência de que estou de passagem por aqui e que a morte será mais um passo de minha libertação. Portanto, não tenho medo da morte, pois não sou apegado à vida. Nós, muitas vezes, na ânsia de viver tomamos a postura de nos preservar, de nos conservar. Por fim, a vida passa, ganhamos rugas, envelhecemos e, mais tarde, nos encontramos em nosso leito de morte. O alimento vital que é o Cristo nos ensina que aquele que quiser conversar a sua vida vai perdê-la. E aqui acontece algo fantástico, isto é, ao me compreender espírito divino, compreender os outros como tais e eternizar minha vida através de atitudes que lhe dêem significado, eu mesmo me torno alimento para o mundo. Eu me atiro para o desgaste com a coragem de ser. Minha vida ganha em sentido porque é alimento para que o meu universo se torne melhor. Eu participo do banquete que é a vida. Isso significa se alimentar não somente dos sabores agradáveis da vida, mas também dos desagradáveis, o que muitas vezes evitamos. Deveria fazer parte da educação dos jovens visitas regulares a hospitais para saber a dor de uma doença, a um velório para saber da dor da partida e a um cemitério para saber que, um dia, nosso corpo estará lá. Esta seja talvez uma prática que falta na educação de nossos jovens. Uma prática que não deve trazer depressão, mas nos motivar para a vida, para sermos alimento neste mundo com atitudes significativas.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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