A espiral da violência tem que ser vencida pela espiral da esperança, isto é, da convivência respeitosa e cuidadosa da vida

O absurdo desperdício de vidas humanas no Brasil! O Mapa da Violência 2014, que recolhe dados de 2012, colhidos pelo Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde revela dados espantosos relacionados com mortes causadas pela violência em nosso País.  Segundo o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, autor do mapa, “nossas taxas são 50 a 100 vezes maiores do que a de países como o Japão. Isso marca o quanto ainda temos que percorrer para chegar a uma taxa minimamente civilizada”, destaca o autor do Mapa da Violência 2014.
Eis algumas estatísticas drásticas de morte. Na última década, morreram 556 mil pessoas vítimas de homicídio, número de mortes que excede de longe o número de mortes da maioria dos conflitos armados registrados no mundo, de acordo com o informe.  Se compararmos os 100 países que registraram taxa de homicídios, entre 2008 e 2012, para cada grupo de 100 mil habitantes, o estudo conclui que o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking mundial.
O crescimento de homicídios no Brasil é maior que o crescimento da população atual. Além disso, as principais vítimas são sempre jovens negros e do sexo masculino. Os dados revelam que 154 pessoas morreram, em média, por dia no Brasil, em 2012. No total, foram 56.337 pessoas que perderam a vida assassinadas no ano, 7% a mais que em 2011.
Os homicídios vitimam majoritariamente os negros: foram 41.127 mortos, em 2012, e 14.928 brancos. Considerando toda a década (2002-2012), enquanto o número de assassinatos de brancos diminuiu, passando de quase 20 mil, em 2002, para 15 mil, em 2012, as vítimas negras aumentaram de quase 30 mil para mais de 41 mil, no mesmo período. Em 2012, 112.709 pessoas morreram vítimas da violência no Brasil. O número equivale a 58,1 habitantes a cada grupo de 100 mil. Além das vítimas de homicídio, 46.051 perderam a vida em acidentes de transporte, que incluem aviões e barcos, além dos que ocorreram nas rodovias.

Holocausto silencioso − Em relação aos suicídios, em 2012 aconteceram 10.321 casos. O estado do Rio Grande do Sul é líder, com 10,2 mortes por 100 mil habitantes, em seguida vem Santa Catarina, com 8,6 registros, sendo que sua capital, Florianópolis, tem o maior número de suicídios, 9,5. Os dados apontam crescimento de 75,8% de 2011 para 2012. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice considerado não epidêmico é de 10 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Alagoas é o estado brasileiro que lidera o ranking no País, com 64,6% de casos por 100 mil habitantes, número semelhante ao registrado durante a Guerra do Iraque, de 2004 a 2007. A média nacional hoje é de 29 casos por 100 mil habitantes.
Taxa de homicídios por 100 mil habitantes de algumas cidades brasileiras: Maceió, AL – 79,76 (5º lugar); Fortaleza, CE – 72,82 (7º); João Pessoa, PB 66,92 (9º); Natal, RN – 57,62; Manaus, AM – 42,53 (31º); e Belo Horizonte, MG – 34,73 (44º). Os estados de Santa Catarina e São Paulo possuem as menores taxas de homicídios por 100 mil habitantes: 12,8 e 15,1, respectivamente.
Eticamente falando, assusta-nos perante esse verdadeiro holocausto silencioso a atitude de um certo conformismo e até indiferença das elites de nossa sociedade e governo, perante as terríveis estatísticas de milhares de mortes perfeitamente evitáveis. Faz-se necessária a implementação do Plano Nacional de Segurança Pública, com a permanente vigilância cidadã da população. Infelizmente, essa situação acaba fazendo com que as pessoas, para se protegerem da violência, se fechem sempre mais através de grades e muros com medo do outro, ao invés de construirmos pontes de fraternidade! A espiral da violência tem que ser vencida pela espiral da esperança, isto é, da convivência respeitosa e cuidadosa da vida, senão não existirá o amanhã para muitos de nós!

Obs: Postado por: Família Cristã
 Fonte: Edição 953,maio 2015

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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