Caminho, cabisbaixa, pela sombra de tua ausência, a procurar teu rosto desenhado nalguma calçada, ou teu nome rabiscado nalguma parede. E o que descubro é a dura face da solidão que tua partida me obriga a aprender. Bordo os contornos dos dias com tuas lembranças como se a vida, agora, só tivesse um tecido, esse tecido feito da pele enrugada das horas, dos momentos a latejar tua falta. Prossigo a ver o sol nascer, a sentir a feitura do entardecer, a moldar a tessitura da noite e seu fenecer em madrugadas e choro a aurora a anunciar, novamente, o amanhã – sempre igual: sem cor, sem brilho, sem nuances. Tua ida levou meu sentir, deixou meu olhar vago e a tristeza infinda em minhas mãos de gestos vazios. Sem ti, meu choro perde todos os sentidos e minha desilusão parece derradeira e vã. Caminho a carregar tua falta dentro de mim. E tudo dói.