todos os dias
caminhava para a morte

o corredor era sempre o mesmo
:
abundância de fardas
risadas
palavrões
o eco dos gritos espalhando-se no nada
não havia mais sustos
a dignidade vivia na ponta das armas
bater em mulher
era o gozo
a distração
a garantia do soldo

como quem derrama café quente nas coxas
imaginava
as manchas nas calças
e aquele sabão que prometia limpeza total

qualquer imagem servia para fugir
à realidade do cheiro podre do sadismo
escorrendo junto ao sangue
pelo cano da arma
e a absoluta falta de esperança
tirando o chão

havia um abismo entre a dor e os livros de moral e cívica.

Obs: Imagem enviada pela autora (Arte: Goya)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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