Padre Beto 1 de março de 2019

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Jamal Wallace é um jovem adolescente que ganha uma bolsa de estudos em uma escola de elite, devido ao seu desempenho nos testes de seu antigo colégio e também por jogar muito bem basquete. Após uma aposta com seus amigos, ele conhece William Forrester, um talentoso e recluso escritor com quem desenvolve uma profunda amizade. Forrester procura incentivar Jamal para seguir o caminho de escritor e, ao mesmo tempo, recebe de Jamal boas lições de vida. No filme “Encontrando Forrester”, de Gus Van Sant, dois seres humanos aprendem que possuem uma única vida.
Para entendermos as mensagens bíblicas é necessário compreender que o religioso e o político não estão separados na Antiguidade. Os líderes religiosos possuíam um poder político e os líderes políticos possuem um poder religioso. Nesta perspectiva podemos, por exemplo, compreender a crítica feita por Jeremias (Jer 23, 1-6): “Ai de vós pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem”. O profeta se dirige aos governantes que deixam o povo disperso. Um povo disperso significa um povo alienado, ou seja, pessoas que vivem sem a consciência do bem comum, sem a consciência de que são comum unidade. Manter um povo disperso é a melhor forma de dominação, pois um povo disperso não se une, não se organiza, não sabe a força que possui. O mesmo contexto encontra Jesus (Mc 6, 30-34): “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. A multidão que seguia Jesus estava à procura de um líder, de um salvador da pátria. Se prestarmos a atenção em nossa paisagem social encontraremos o mesmo contexto. Nosso povo, apesar de viver em uma democracia, é um povo disperso. Uma democracia, porém, só funciona se o povo participar ativamente e for organizado. O que Jesus faz diante da multidão é ensinar. “Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”. Mas, porque Jesus ao invés de assumir-se como um “salvador da pátria” começa a ensinar o povo? Justamente porque é isso que os governantes faziam, os governantes ensinavam o povo. Mas o que os governantes ensinam? Em primeiro lugar, os governantes ensinam através de um péssimo sistema educacional. Apesar de haver muito dinheiro para a educação, os governantes pagam muito mal nossos professores. Para sobreviverem, os professores são obrigados a cumprir uma enorme carga horária que não lhes deixe tempo para uma formação continuada, para um constante estudo. Além do mais, as escolas públicas não preparam nossos jovens para um futuro digno. Os governantes ensinam o povo também através dos meios de comunicação de massa. Não podemos esquecer que um meio de comunicação de massa é sempre uma concessão do governo e seus proprietários a ganham através de conchavos políticos e mantêm seus funcionários sem grande liberdade para desenvolverem seu trabalho com criatividade e cultura. Basta olharmos o nível dos canais de televisão abertos. Começando com Márcia Goldsmith, Datena, Ratinho, Luciana Gimenez até os inúmeros programas religiosos que, apesar de falarem de Deus, possuem uma teologia individualista e intimista. Por fim, os governantes nos ensinam através de exemplos: dos escândalos de Brasília no Congresso até o apelo de nosso presidente para que Sarney permaneça ou seus elogios a Collor e Renan Calheiros. Todos estes complexos de ensinamentos contribuem para a falta de cidadania e para a dispersão do povo. Mas o que, então, Jesus ensina? Se lermos os Evangelhos com atenção compreendemos que Jesus nos ensina quem somos. Nós somos filhos de Deus e como tais devemos viver na dignidade de filhos de Deus e devemos ter atitudes de filhos de Deus. A dignidade, porém, é sempre conquistada. Ninguém ganha a dignidade. Eu me faço digno. Para isso eu necessito de conhecimento e atitudes. Jesus nos ensina que estamos no Reino de Deus a partir do momento que deixamos de pensar simplesmente na categoria do “eu” para vermos o mundo na categoria do “nós”. Ser filho de Deus é pensar no bem-estar de seus semelhantes e não tolerar seus sofrimentos. O cristão é alguém que cuida do que é público e se envolve nas questões sobre a vida de todos.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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