Deixa eu ser estranho em tua paisagem adormecida,
desejo de tocar no espelho tua face inflamada…
Deixa a nostalgia escorrer sem abrigo
no crepúsculo do pensamento…
Deixa eu te julgar na melodia emudecida,
entrelaçada em tuas agonias…
Deixa eu me perder em teus braços,
madrugadas vazias,
sem o calor do teu corpo procurando o gesto exausto da entrega…
Deixa o amargo da vida se diluir em nossos lábios
que se devoram em paixão…
e a solidão liberta devolver teus olhos abertos
sussurrando palavras que ficaram inacabadas…
Deixa o amor nos contaminar em retalhos (im)perfeitos,
metades sedentas à espera de opções
e de um gorjeio a recordar o amanhecer…
Deixa-me registrar nossos (des)encantos,
memórias doloridas imersas na escuridão…
Deixa a chuva molhar este chão onde nos debruçamos
em (des)cobertas delirantes…
Lava nossos desenganos
soltando no horizonte acenos de despedida…
Deixa eu te abraçar no tempo-essência veloz,
silenciar na ferida aberta no campo de girassóis (re)colhidos…
Na cor da saudade,
deixa o teu perfume crescer em minha alma presente…
30.07.2006 – 21:47h
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Obs: Imagem enviada pela autora