Frei Betto 1 de fevereiro de 2019

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Homem de fé que sou, e ainda mais mineiro, sempre desconfiei dessa ciência influenciada pelo marxismo. Se a Terra fosse redonda e girasse em torno do próprio eixo, no mínimo deveríamos sentir tonturas. Esse preconceito contra o geocentrismo de Ptolomeu decorre dos malévolos conceitos paulofreirianos assumidos por Copérnico e Galileu. Eles adotaram o princípio marxista de que o lugar social determina o lugar epistêmico, e ao retirar os pés da Terra para fixá-los no Sol, inventaram a teoria do heliocentrismo. Ora, basta erguer os olhos ao céu e constatar que o Sol gira em torno da Terra, caso contrário não haveria dia e noite.

Não há nada de anacronismo quando acuso Copérnico e Galileu de influência marxista. Nosso chanceler, Ernesto Araújo, já demonstrou que as teorias de Marx, tão perniciosas, precedem o próprio Marx, pois, segundo ele, o “marxismo cultural globalista”  teve como marco inicial a Revolução Francesa.

Outro absurdo pretensamente científico, que espero seja corrigido pela Escola sem Partidos, é a teoria de que nós, seres humanos, descendemos dos símios. Somos descendentes diretos de Adão e Eva! Está na Bíblia! Decorremos da Criação divina, e não desses macacos que se dependuram com o rabo nos galhos, enquanto descascam bananas com as mãos.

Sim, sei que Adão e Eva tiveram dois filhos homens, Caim e Abel. O fato de estarmos aqui se explica porque ao menos um deles transou com a mãe. Contudo, na época o incesto ainda não era pecado. No máximo, um mal necessário, como hoje a liberação de armas de fogo para a defesa da vida.

 O marxismo é como essas partículas de poeira que flutuam no ar e são vistas apenas quando forte incidência de raio solar atravessa à nossa frente. Toda a nossa cultura, em especial a história e a arte, está contaminada pelo marxismo. Afirmar que Moisés libertou os escravos do Egito é pura ideologia. Não havia escravos às margens do Nilo, havia servos. E o grande feito de Moisés não foi libertar escravos, e sim abrir caminho para os hebreus, em terra seca, entre as águas do Mar Vermelho (que, de fato, era ocre, mas a influência comunista…).

Não existe Estado laico. Há que se definir, ou é de Deus ou é do diabo. É pura ideologia colocar a ciência acima da fé e afirmar que o Estado é laico em uma nação cristã.

 Já que o superministério da Economia já sabe como reduzir o desemprego, e os problemas de saúde podem encontrar cura na igreja da esquina, faz bem o governo em liberar, como primeiro grande gesto da nova gestão, a posse de armas! O Estado precisa conter gastos e a segurança pública é onerosa. Melhor que cada cidadão se defenda como pode!

E se uma criança acessar a arma do pai?, indagam mães preocupadas. Ora, esclarece o ministro, arma é menos perigosa que liquidificador. No entanto, não se cogita descartar esse eletrodoméstico. O que faltou ao ministro explicar é que, como o nome do aparelho alerta, liquidificador, além de triturar tenras mãozinhas, é uma arma indelével, fica a dor…

Ora, chegou a hora de dar um basta nessas ideologias nefastas que confundem a cabeça do povo. O politicamente correto é científica e teologicamente incorreto.

Obs: Frei Betto é escritor, autor de “A obra do Artista – uma visão holística do Universo” (José Olympio), entre outros livros.  

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