15 de fevereiro de 2019
Sei que por vezes caminho aceitando as diretrizes que me são impostas e, então, vejo meu corpo padecer em dores que me vêm articuladas com máscaras que aprisionam o meu sorriso. Reconheço a leitura que faço de mim e conheço minha trama. Sou enredada e, se sou enredada, sei também que não estou sozinha, pois sou parte e comparte do todo que forma essa trama.
E, por ser enredada, sou convidada a lançar luz no melhor de mim. Meu olhar inquieto não percebe e ainda não alcança esse mistério, por isso, sigo à procura de respostas. Como evidenciar o melhor de mim numa roda com música e movimentos? O carinho no convite é a porta de entrada que me incentiva a participar. Escuto que o grupo é acolhedor. Escuto, também, que em Biodanza não se ensaia.
Vive-se a dança. Então, aceito o convite e vou experimentar essa dança que não se explica. Chego no grupo e, para minha surpresa, lá estão, com a mesma busca – a busca por “colocar mais vida na vida” rostos conhecidos de outras danças, gente comprometida que, como agente transformador da crueza da vida, buscam no seu fazer a renovação de sonhos. Que bom! Estou em casa. Sinto-me em casa.
Encanto-me com o ambiente. Deixo-me seduzir por um olhar, em especial. Um? não, vários, que são um, espalhados no ambiente, conferindo um quê de amabilidade refletida nos espelhos. Encontro nestes olhares o ponto de luz que anseio e sinto-me buscando a compreensão do meu Eu que também se reflete no jeito e no sentir do outro.
Percebo-me partícipe de um grupo que me remete à constituição familiar – grupo tão necessário para o bom desenvolvimento do Eu. Constato que ocupo o meu lugar no mundo em harmonia com os demais sistemas que sustentam a vida no meu corpo, e sei que também sou o corpo que tem em mim a possibilidade de expansão para o bem viver.
Entrego-me à dança e vivencio cada movimento. Permitindo-me ser criança, sou alegria no compasso das brincadeiras. Compondo o trenzinho, sou peraltices que percorrem o trilho rumo à estação felicidade. Tornando-me árvore, sou forte com a suavidade de quem se deixa tocar pelo vento e com ele balança acolhendo a carícia dos passarinhos.
Abrindo meu peito e meus braços, vejo-me aberta para novas conquistas, pois nesse movimento renovo-me e me faço ser geradora de sentimentos bons diante do existir. Oferecendo e recebendo colo, absorvo o fortalecimento de vínculos que se traduzem no prazer de ninar e me fazem sentir grávida de mim mesma. E se me espero, preciso nascer. Então, faço o parto.
Nasço, renasço em movimentos que me desafiam a uma nova postura e se fazem em vivências de pura beleza. Sinto-me motivada a manter a chama acesa e nascer-renascer… nascer-renascer… nascer-renascer para fazer “morrer a morte” e (re) descobrir a incessante renovação de AMOR.
Mas, por que volto à Biodanza? Onde está a resposta? Penso que me fazendo a pergunta de outro modo, tenho mais possibilidades de respostas. Então pergunto: volto à Biodanza para quê? Ah! Agora fica fácil. Volto para iluminar o que tem de bom em mim e enxergar o outro com o olhar amoroso e acolhedor.
Volto para experienciar a alegria do encontro. Volto pelo prazer de estar junto. Volto pela festa. Volto pelo cuidado. Volto para brindar ao amor, à paz e ao perdão. Volto para brindar à vida que se faz viva no meu viver, pois no grupo percebo-me com capacidade de renovar a esperança e fazer, em cada aurora, o primeiro dia para nascer para a vida que em mim pulsa com a coragem de “colocar mais vida na vida”.
Obs: Imagem enviada pela autora (retirada da internet)
