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Em primeiro lugar, vejamos sua origem histórica e finalidade. A sigla IOR quer dizer “Instituto para as Obras de Religião”. Não confundir com o Banco Ambrosiano, de Milão, com o qual o IOR infelizmente andou se envolvendo em operações pouco limpas nos tempos do arcebispo Marcinkus, organizador e espécie de chefe da segurança das viagens do Papa João Paulo II e, por isso, mundialmente conhecido. O IOR foi criado em 27 de junho de 1942, absorvendo a “Administração das Obras de Religião”, que havia sido instituída por Leão XIII em 1887. Foi reformado ainda pelo Beato João Paulo II em 1º de março de 1990. Sua finalidade é prover à guarda e administração dos bens móveis e imóveis, destinados  às obras de religião ou de caridade em toda a Igreja. Ele é controlado por uma comissão de cinco cardeais, presidida pelo Secretário de Estado, mas tem presidência própria.

Em uma missa celebrada na Domus Sanctae Marthae, disse o Papa Francisco: “Estão aqui  alguns do IOR e que eles me desculpem, hein, mas devo dizer que tudo é necessário, mas até um certo ponto. A Igreja não é uma ONG (organização não-governamental) mas é uma história de amor. Por isso, o IOR como os outros organismos vaticanos são necessários como ajuda a essa história de amor. Quando a organização toma o primeiro lugar e desaparece o amor, a Igreja, pobrezinha, torna-se uma ONG, isto é, vira uma burocracia e perde sua principal característica, que é o amor.” Em 24 de junho, o Papa havia criado uma comissão de inquérito, presidida pelo Cardeal Rafael Farina, salesiano, mais o Card. Jean Louis Touran, já membro da comissão anterior do IOR, Don Juan Ignacio Arrieta, jurista, do Opus Dei, Mons. Peter Bryan e a Profª  Mary Ann Glendon. Esta comissão foi recebida pelo Papa em 10 de julho, juntamente com o presidente do banco, Dr. Ernest Von Freyberg, nomeado ainda por Bento XVI em 15 de fevereiro deste ano, pouco antes de sua renúncia.

Em longa entrevista ao l´Osservatore Romano, Dr. Freyberg definiu o IOR como um serviço à Igreja no mundo. E especificou que o banco do Vaticano, em favor das dioceses, congregações e instituições católicas, tem 19.000 clientes em todo o mundo e gerencia cerca de sete bilhões de euros. “Esses fundos – esclareceu o presidente do IOR – são postos inteiramente a serviço da Igreja Católica e usados para hospitais, clínicas, missões e escolas nas regiões pobres. Seu propósito é garantir o sistema interno de uma instituição financeira de alto nível, com tolerância zero às atividades ilegais.” Finalizou afirmando com ênfase: “Nossos clientes não querem que o IOR feche; não desejam dirigir-se a outras instituições financeiras. Nosso maior desafio atual é eliminar todas as sombras e deixar resplandecer o Evangelho.”

O diretor do IOR Paolo Cipriani e seu vice Massimo Tulli pediram demissão em 1º de julho e suas funções foram assumidas interinamente pelo próprio Presidente Von  Freiberg.

O Mons. Nunzio Scarano foi detido pelas autoridades policiais, quando tentava levar para o território italiano milhões de euros em avião particular, para não os declarar na alfândega. O Vaticano congelou seus ativos.

 “Não creio que a Igreja possa não ter uma organização administrativa, que torne fatível sua missão” – afirmou o cardeal de São Paulo em entrevista ao jornal romano “Il Messaggero”. E continuou: “O IOR não é um banco, mas é um instituto com finalidades específicas de serviço. A questão não está tanto em possuir meios, mas na forma como são geridos: Decoro, honestidade, transparência, serviço”.

 Acho que nesses quatro termos do Card. Scherer estão resumidas a razão de ser e a forma de operar do banco do Vaticano, o agora combatido IOR.

Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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