
“Segura a minha mão porque sinto que estou indo…” (CLispector)
Há vozes na solidão por nós abraçada,
Emoções e passos confusos tocando ondas e turbulências…
Há o desamparo embaralhado da palavra retida, inacabada…
A boca seca e sedenta de gestos…
O aperto no coração buscando estranho sentimento…
Cansaço germinando na espera sem retorno,
Na saudade trilhada,
e na amarga aprendizagem de ser…
Há uma interminável melancolia nos teus braços,
E o descolorido do teu olhar desfazendo encantos,
Impregnado no sabor da incerteza…
Há um pássaro cantando,
Desnorteando a dor na sua interminável
tentativa de prosseguir…
Há chamas em alvoroço na passarela das nossas indiferenças
Sinalizando os nossos limites…
E o tempo transforma o nosso despertar
Na ternura atenta,
sacudindo a poeira dos nossos disfarces…
E o momento sussurra no presente a quietude amorosa,
na ousadia de carregarmos as nossas porções
mergulhadas no silêncio das nossas distâncias,
que nos devoram em sonhos feridos…
Seguramos os nossos farrapos em telhas enrugadas
no desespero desta ventania…
E já não mais nos reconhecemos neste grito de alerta!
21.01.2004 – 18:34h