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1DOMINGO DAS BODAS DE CANÁ
João 2,1-12

Os domingos que se seguem imediatamente após a Festa da Epifania desdobram e prolongam o Mistério da Manifestação do Senhor. Assim foi a Festa do Batismo do Senhor, e assim é, hoje, esta “festa de casamento”, onde o “vinho bom”, que, insolitamente, só aparece no final da festa, não só surpreende e alegra os noivos, o mestre de cerimônias e os convidados, mas anuncia e antecipa um outro casamento, “as núpcias do Cordeiro”, ou seja, o casamento de Deus com a Humanidade, na pessoa de Jesus: uma festa que se iniciará, propriamente, na “hora” da sua Páscoa (Morte-e-Ressurreição)  e se prolongará pela eternidade. Dela participarão todos os “amigos do Noivo”. Mas para que a novidade surpreendente aconteça é preciso que a Mãe de Jesus intervenha.

Talvez, nunca como hoje em dia, seja tão importante reconhecer o papel maternal da Mulher, como aquela que pressente, prevê, se antecipa e faz antecipar as grandes realizações da História e do Reino, com uma condição: “Fazei tudo o que ele vos disser!”.

Na força desse mote, cantaremos hoje um “canto novo”, ensaiando a Festa do Reino de Deus, que precisa acontecer “assim na terra, como no céu”.

Diante de nós, todo um ano que apenas se inicia: esperança e militância é o que nos cabe alimentar e exercer, motivados pela nossa Fé Cristã. Pegando a deixa de um grande pensador social português, grande amigo do Brasil, Boaventura de S. Santos, este será um ano para se investir em duas grandes tarefas: 1) Resistir ao processo de desmonte e esvaziamento das Políticas Sociais, que garantiam con-dições básicas de sobrevivência e digni-dade à população mais precisada, e dimi-nuíam a desigualdade, fonte de todas as violências… 2) Fortalecer os Movimentos Sociais Populares, o Movimento Sindical e os Partidos Políticos comprometidos com a Classe Trabalhadora e os empobre-cidos… Esse parece ser o caminho da transfomação: encaremo-lo com e como a Mãe de Jesus, e façamos o que Jesus nos for indicando  pela frente.

<<O NOME DE DEUS É MISERICÓRDIA>>

 Esse é o título do primeiro livro escrito por Papa Francisco, lançado poucos anos atrás, dia 12 de janeiro de 2016, no Vaticano. Na ocasião, o ator e diretor cinematográfico Roberto Benigni, arrancou efusivo aplauso dos presentes, ao ressaltar os sentimentos que teve com a leitura do livro:

 “É um livro – digamos – que nos acaricia, que nos abraça, que nos ‘misericordía’, que é um termo inventado pelo Papa. Misericórdia – atenção! – não é uma virtude assim, que está sentada na poltrona… é uma virtude ativa, que se move: olhem para o Papa, jamais está parado! Move não somente o coração, mas também os braços, as pernas, os calcanhares, os joelhos, move o corpo e a alma, jamais está parado! Vai ao encontro dos míseros, da pobreza, não fica parado um segundo

Benigni prosseguiu sua reflexão sobre a Misericórdia evidenciando que esta, junto ao perdão, é a mensagem mais forte que está emergindo do Pontificado de Francisco:

 E a misericórdia para Francisco – atenção! – não é uma visão adocicada, condescendente ou, pior ainda, ‘bondosista’ da vida: não! É uma virtude severa, é um verdadeiro desafio, mas não somente religioso-teológico: é um desafio social, político! Aquilo que Francisco está fazendo é impressionante. E o que Francisco faz para vencer esse desafio, digamos, incrível? O que é que lhe dá forças? É propriamente a medicina da misericórdia. Vejam só, ele vai buscá-la entre os derrotados, entre os últimos dos últimos. Aonde foi publicamente quando começou seu Pontificado? Foi a Lampedusa, propriamente aonde chegam os últimos dos últimos. E onde abriu a Porta Santa do Jubileu? Na República Centro-Africana, em Bangui, no lugar mais pobre dos pobres dos pobres do mundo: justamente no lugar mais pobre Francisco vai ao encontro da proximidade, da dor do mundo, do sofrimento, porque ali, no meio da dor nasce a misericórdia.”

 2 – DOMINGO DA BOA NOVA
Lc 1,1; 4.4,14-21

Na sequência das “manifestações” do Messias, ei-lo num dia de sábado, na sinagoga, em Nazaré, como era seu costume, desta feita, para dizer à sua gente a que veio, qual a sua missão em meio a seu povo.

Como historiador-teólogo, Lucas, voltando-se para o seu público, as comunidades evangelizadas por Paulo, gente de outra cultura que não a cultura e religião judaicas, apresenta Jesus proclamando as Escrituras sobre a sua própria existência, seus objetivos, sua prática libertadora, que vem inaugurar um novo espaço, onde todos cabem e ninguém é excluído, um novo tempo, um tempo de graça, quando todos e todas poderão sentir-se acolhidos e abraçados por Deus.

Daqui por diante, a proclamação das Escrituras terá uma única finalidade e importância: clarear os passos do Caminho, ou seja, revelar o sentido profundo dos acontecimentos cotidianos, aquecer os corações com a esperança da Libertação, “e a esperança”, como diria Paulo, de quem Lucas foi discípulo, “não decepciona” (Rm 5,5).

Essa esperança, que levou a Mãe do Senhor a exultar em Deus seu Salvador, é a mesma que faz a comunidade cristã, hoje, vibrar e cantar.

Mas o que faz a beleza e a honestidade do nosso canto, de nossas celebrações, é, antes de tudo, a autenticidade da nos-sa vida cristã comunitária… Comecemos, então, o ano, fazendo-nos um sério ques-tionamento: as pessoas que aqui nos reunimos somos realmente gente que se olha nos olhos, que se conhece, se ama e se ajuda?… Junto, fazemos a leitura dos “sinais dos tempos” e compromete-mos nossas vidas com as grandes cau-sas do nosso povo?… A Nação atravessa uma conjuntura econômica e política muito problemática… Os Movimentos So-ciais Populares precisam mobilizar-se e ir às ruas dar seu grito… Comecemos, como Igreja. A Quaresma vem aí, com a Campanha da Fraternidade: POLÍTICAS PÚBLICAS, é esse o desafio à nossa Fé! 

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CRER COM AS MÃOS! FÉ E AÇÃO!
É o que quer dizer “CAMPANHA”!

 Da morte da escuridão,
Vem a todos(as) libertar…
/:A nós, seu povo remido,
Para a paz faz caminhar:/
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Em tempo, comecemos a preparar-nos para a Campanha da Fraternidade / 2019:

   “FRATERNIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS”

Este ano, a Quaresma só vai começar no dia 06 de março. Vamos ter, então, um bom tempo para preparar a principal atividade deste Tempo abençoado, “Tempo de Graça”: a Campanha da Fraternidade, que cada ano nos ajuda a nos convertermos e nos renovarmos, investindo na transformação deste mundo, para que realize o nosso sonho pascal: A TERRA PROMETIDA!

 Objetivo Geral da CF 2019 • “Estimular a participação em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”. • Horizonte da Evangelização e Transformação Social. Objetivos Específicos:

  1. Conhecer como são formuladas e aplicadas as Políticas Públicas estabelecidas pelo Estado Brasileiro.
  2. Exigir ética na formulação e concretização das PP.
  3. Despertar a consciência e incentivar a participação de todo cidadão na construção de PP.
  4. Propor Políticas Públicas que assegurem os direitos sociais aos mais frágeis e vulneráveis.
  5. Trabalhar para que as PP eficazes de Governo se consolidem como PP de Estado.
  6. Promover a formação política dos membros de nossa Igreja, especialmente dos jovens, em vista do exercício da cidadania.
  7. Suscitar cristãos católicos comprometidos na política como testemunho concreto de fé.

Fundamento: Dignidade Humana

  • Todo ser humano, como membro da família humana, possui uma dignidade inata, seja qual for a situação em que este se encontre. Portanto, a dignidade humana deve ser reconhecida e não atribuída. A primeira e mais imediata exigência da dignidade humana é o respeito à vida, levando a se reconhecer o direito à vida, entendido como princípio fundamental e anterior aos demais: significa nascer, viver e morrer com dignidade.
  • “Existem bens, materiais e espirituais, que possuem um valor relativo: apenas a dignidade, entre os bens, possui um valor absoluto” (F. D´AGOSTINO).

Comecemos a interessar-nos pelo assunto, a estudar os subsídios que nos são oferecidos e a interessar outras pessoas pelo assunto. Mais que nunca, não podemos dormir no ponto.

3- Festa da Apresentação do Senhor – 2 de fevereiro
Lucas 2,22-40

40 dias após do Natal: no Oriente, Festa do ENCONTRO! No Ocidente, Festa da Apresentação! No meio popular, Festa de N. S. da Luz… Festa da Mãe de Deus das Candeias… “Naquele tempo”, um pai e uma mãe vão ao Templo de Jerusalém, fazer a oferta de seu primogênito… E se surpre-endem com a festa que lhe fazem duas pessoas idosas, sedentas de Deus e do seu Reino. Ambas identificam exatamente na-quela criança Aquele que vem como LUZ das nações! Embora já se preveja que será “sinal de contradição”, e se prenuncie a “passagem” da Cruz…

Nós hoje, aqui e agora, com corações agradecidos pela graça de crer em Jesus, idosos e jovens, saudemos a Eterna Juven-tude de Deus, na pessoa do filho de José e Maria, o Filho de Deus, Luz do Mundo!… E procuremos segui-lo, de tal maneira, no cotidiano de nossas vidas, que nos tornemos reflexo dessa luz, nos ambientes em que vivemos, onde, muitas vezes, as trevas ameaçam… Tenhamos presente a conjuntu-ra que vive este país e, muito especialmen-te, as vítimas do genocídio cometido pela Vale, em Brumadinho, MG. E assim, em meio a todas as contradições, encarando e enfrentando os desafios, caminhemos, indi-gnados, porém confiantes, na esperança de um mundo novo, iluminado pela Verdade, pela Justiça e pelo Amor. Até nosso encon- tro com Ele no Reino definitivo e eterno.

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE. 
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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