Dasilva 15 de fevereiro de 2019

  1. O mundo sofre uma crise de hegemonia. A disputa central (econômica, política e ideológica) é entre China e EUA. Olhando a produção, importação/exportação, dívida dos países e possível desdolarização, se vê a deslocar-se, em favor da China.
  2. Essa ameaça causa impactos: a busca voraz dos EUA em controlar a América Latina e Oriente Médio; o efeito da dependência da maioria dos países latinos (importação, exportação, moeda). O controle geopolítico dos EUA de seu “quintal” histórico, onde se abastece de para seu desenvolvimento. Por isso, tentam controlar governos e estados nacionais como alinhados servis e os forçam a fazer reformas (fiscal, previdenciária, trabalhista, sindical…).
  3. Tudo isso cria a nova reconfiguração regional: a) alinhamento ao império diante da ofensiva, até pelas armas; b) derrota e mudança estratégica – do acúmulo de força para resistência e sobrevivência; c) reversão das alternativas de integração; d) fim de ciclo de governos populares e alternância no poder.
  4. Na economia, volta a recolonização – controle dos recursos naturais: petróleo, água, mineração, florestas, biodiversidade …. Na política conformação de blocos submissos ​​e o fim de blocos alternativos (UNASUR …) O império não hesita em apoiar “golpes suaves”, democracias autoritárias e intensa batalha ideológica que desmoraliza lideranças e esmaga a oposição.
  5. Esse pacote se justifica no fundamentalismo religioso e no moralismo conservador e vem sustentado pelo sistema legal, pela mídia e por militares que voltam ao poder (mais de 60 no primeiro escalão do governo). A consequência para o povo é trágica: perda de direitos, precarização do trabalho, desespero, migração, repressão, eliminação política e física … novos mitos e novas ilusões.
  6. Os limites dessa reconfiguração: a. O capital não pode (nunca se propôs) dar respostas às demandas econômicas e sociais do povo; b. A conflitividade produzida pelas contradições geram resistências e o surgimento de novos atores; c. As elites não têm referentes confiáveis capazes de unir a nação, além das muitas divergências no topo.
  7. Mas, a ofensiva de capital também foi possível porque: a. o campo popular abandonou a estratégia de mudanças estruturais, mesmo quando seus governos tiveram correlação e seguiram na lógica eleitoral (ou eleitoreira?); b. A fragmentação do movimento popular (personalismos, vaidades …); c. elitização e desconexão das lideranças com suas bases e a quebra da aliança com o povo; d. muitas organizações nem perceberam que há uma mudança na ação do capital e nem tampouco fazem autocrítica de seus erros.
  8. Em resumo, vivemos tempos desfavoráveis, com a ofensiva do capital que dá golpes sucessivos, impõe “democracias autoritárias”, com “apoio popular”. Tal situação força entidades e movimentos, comprometidos com a transformação social, a se colocar em um “estado de resistência ativa” (retirada tática).
  9. Recuo tático hoje é estimular ou promover: a. Iniciativas para sobreviver e salvar vidas; b. esforços de estudo sobre a realidade social; c) irradiação de processos legítimos de luta e organização ligados à produção e ao trabalho que atuam no urbano e nas bases, sobretudo, mulheres e jovens … por serem atores que, hoje, podem incidir na realidade social.
  10. Estimular Centros ou grupos de educação política e capacitação que integram em seus currículos a dimensão econômica, política, ideológica, técnica e cultural a fim de qualificar e renovar líderes que sejam capazes de desconstruir as novas formas de imposição de ideologias e capazes de aprofundar a reação, num processo de longo prazo e com o horizonte de um projeto político.(fevereiro de 2019)
    Obs: Imagem enviada pelo autor.
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