
www.dedvaldo.blogspot.com.br
[email protected]
Desconhecido e quase ignorado este documento, promulgado na velha capital de Pernambuco, berço da civilização do Nordeste e patrimônio artístico e cultural da humanidade, que recebeu o nome de CARTA DE OLINDA. Tive conhecimento dele apenas pelo jornal do Vaticano. É breve e incisivo, conclusão da 25ª assembleia nacional sobre a pastoral dos itinerantes, que se realizou na velha Mearim dos Caetés, de 10 a 13 de julho último. O documento é assinado pelo bispo responsável na CNBB da pastoral dos itinerantes, Dom José Edson Santana de Oliveira, bispo de Eunápolis.
No contexto atual de nossa sociedade de consumo, muitos jovens e adultos, mulheres e crianças são obrigados a emigrar, forçados pelas guerras, pelas secas ou enchentes, pelas catástrofes naturais ou pela permanente calamidade, que é o egoísmo, a ambição e a crueldade humana. Em 2009, o Papa Bento 16 numa intenção do Apostolado da Oração pedia que “a opinião pública se ocupe mais do problema dos milhões de deslocados e refugiados, e se encontrem soluções concretas para sua situação quase sempre trágica”. Muitos migrantes desconhecem a língua do país para onde vão, carecem de documentos, são explorados em trabalhos pesados e mal-remunerados.
O documento da Conferência de Aparecida em 2007 apelava para os bispos do nosso continente a voltar o olhar para os novos excluídos: os migrantes, as vítimas da violência internacional, os deslocados e refugiados (nº 402).
São cinco os direitos básicos, que as populações itinerantes do Brasil possuem diz a Carta de Olinda: moradia, educação, saúde, segurança e reconhecimento da cidadania, e que se constituem em cinco deveres para o estado brasileiro. O documento, diz l’Osservatore Romano reitera com firmeza que “é dever específico do estado promover o bem-estar de todos os cidadãos, sem qualquer distinção relativa à cor da pele, ao sexo, ao credo religioso e à etnia, inclusive os ciganos que chegaram ao país no início da colonização portuguesa.
Notícia que muito me alegrou é que durante a assembleia – informou o Pe. Wallace Zenon, da pastoral dos itinerantes – foi assinada uma parceria de colaboração com a Comunidade Obra de Maria (que muito estimo), para dar início a um percurso de evangelização, destinado expressamente aos circenses e ciganos, a partir dessas populações no estado de Pernambuco. “Este momento da assembleia é muito rico para a nossa caminhada de pastoral, porque nos anima e nos dá forças para continuarmos nossa missão como presença da Igreja junto ao povo cigano e circense” – acrescentou ele.(03.09.12)
Obs: O autor é arcebispo emérito de Maceió.