A gente estava em Souza e, naquela tarde, deveria ir a Monteiro. Até aí, nada de extraordinário, além do que tudo que tudo era Paraíba. No entanto, a informação me deixou meio confuso. Se fossemos por rodovia estadual tínhamos de sair da Paraíba,ingressar em Pernambuco, e, depois, retornar a Paraíba, para, enfim, atracar em Monteiro. Não adotamos esse roteiro por desconhecer o estado da rodovia. Tomamos o caminho mais longo, em direção a Campina Grande, e, muito além, na praça do meio mundo, dobramos a direita até Monteiro, a tarde inteira viajando, mas chegamos.

Depois, muito tempo, em outra viagem, em território Pernambuco, precisamente em Triunfo, ouvindo uma rádio, com nome de Princesa, fui informado que era de Princesa Isabel, na Paraíba, ali bem pertinho. Ai, então, fui cotejar o mapa, estado por estado, sobretudo do nordeste brasileiro, percebendo a falta de linha reta, e,então, como real conseqüência, um Estado ingressa em território que deveria ser de outro e vice-versa. Em suma, as linhas não retas dão a impressão, que o Rio Grande do Norte invade, no bom sentido, a Paraíba, que, por seu turno, avança no de Pernambuco, ou tudo ao contrário, verdades que deixariam de existir se as linhas retas predominassem.

Os Estados se acomodam em seus espaços, semelhando a um grande quebra-cabeça, onde, com muita paciência, se vai colocando um pedaço aqui, outro ali, até se chegar ao panorama atual, sem se ter uma idéia exata de quem empurrou as linhas para baixo ou para cima, na formatação do mapa, ou se foi a inclinação do terreno que assim proporcionou.

Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco parecem se sustentar um no outro, com Pernambuco a servir como ponto de apoio, enquanto Alagoas e Sergipe assemelham-se no mesmo formato, quase irmãos siameses, o São Francisco, a dividi-los. De uniforme, em todos, a falta da linha reta, como se a frente de cada passo estivesse a árvore de morada de Tarzan e este, heroicamente, se recusasse a dela sair, na forma de uma charge divulgada no Paquim. Teria sido, em verdade, a origem da linha curva? (06 de março de 2017)

Obs: Publicado na Folha de Pernambuco
[email protected]
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]