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1AVE, MARIA!
 Lc 1,39-45

Olhemos para Maria gestante com os olhos de Izabel, grávida de seis meses.
Revivamos entre nós a experiência de alegre encontro dessas duas Mulheres “cheias de vida”: é o melhor que vai poder acontecer com as Comunidades Cristãs, especialmente, as Comunidades Eclesiais de Base, neste final de Advento…
Estamos chegando ao desfecho desse tempo de graça, que nos proporcionou uma oportunidade única de experimentarmos o Mistério da Vinda de Deus, a chegada do seu Reino entre nós.
É, com certeza, uma experiência de “gravidez“ – enchermo-nos de Jesus!
E isso nos permite, tanto individualmente como em comunidade, gozar da alegria de, comunicarmos JESUS ao mundo, através do nosso testemunho…
Mas também, de maneira mais humilde, e, quem sabe, mais verdadeira e plena, vibremos com todos aqueles e aquelas que, no mundo inteiro, têm fome e sede da Justiça, e estão se abrindo para a novidade do Reino: lá onde está nascendo um Ser Humano Novo… e uma Nova Sociedade vai se organizando, do jeito que Maria sonhou, onde os tronos da opressão e da riqueza vão sendo derrubados, os humilhados vão recuperando sua dignidade e os famintos vão sendo saciados com o pão da justiça e o vinho da irmandade, da alegria e da paz!
Saudemos Maria, junto com Izabel e sintamo-nos igualmente reverenciados, porque é Natal em nossas vidas transformadas, e no Mundo Novo que está surgindo!    “Então é Natal…”

2 – Celebração da Noite de Natal
Lucas 2,1-14

O Natal acontece no coração das pessoas e na vida da sociedade:
– onde finda o preconceito e nasce o respeito pelos diferentes…
– onde finda a indiferença e nasce a solidariedade com quem mais precisa…
– onde finda a exclusão e se vive em comunhão entre todos e todas…
– onde finda a acomodação e começa a participação cidadã…
– quando a gente descobre que “há mais alegria em dar que em receber”…
– quando a lei da vantagem é superada pelo prazer de servir…
– quando o desperdício se transforma em cuidado com os outros e com o Planeta…
– quando o consumismo do Papai Noel dá lugar ao “comunismo” de JESUS…
Aí os Anjos cantam GLÓRIA a Deus nas alturas dos céus, porque há PAZ na terra, pois Deus quer bem à Humanidade, sobretudo quando a gente se quer bem e vive a solidariedade!

Como disse, um dia, o Pastor Fred Morris: <<SOLIDARIEDADE

É O NOVO NOME DA FÉ!
CRER É SER SOLIDÁRIO COM A CRIAÇÃO E COM A HUMANIDADE.
MENOS DO QUE ISSO, NÃO É FÉ, É SUPERSTIÇÃO!>>

 Gente, faz sentido repetir, neste Natal de 2018, o mesmo que escrevi, dois anos atrás: “Para todos e todas nós, um NATAL de muita luz e inspiração para o ANO NOVO: vamos precisar de muita atenção ao que vai se passando no país… Vamos precisar de muita união e mobilização: o grito das ruas é que dará força ao Projeto da Classe Trabalhadora e dos Empobrecidos, por um país justo, igual e feliz, para todos e todas. Quem governa o país, ou obedecerá à Mão libertadora do Povo e de Deus, ou, então, à mão cruel do Mercado! A escolha é de cada um, de cada uma de nós!”

Teria coisa mais atual para dizer-lhes?…

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No brilho da Estrela,
FELIZ ANO NOVO!

Ao desejarmos “Feliz Natal!”, olhemos bem em volta de nós, se não tem alguém precisando mais que os outros… E o Senhor nascerá para ele ou ela através da nossa aproximação, do nosso cuidado e solidariedade.

E o que o NATAL tem a ver mesmo com o “Ano Novo”,
para ele ser verdadeiramente “novo” e “feliz”?…

3FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA
Lc 2,41-52

Aos doze anos…
já era tempo de saber o que se queria… já era tempo de saber o que Deus, o Pai, queria da gente… já era tempo de assumir a vida com autonomia… já era tempo de ensaiar os primeiros passos da missão… Pelo menos assim foi, no tempo e na terra de Jesus.

Quanto seria desejável que nossos adolescentes, desde crianças, fossem educados num ambiente onde todo mundo se escuta e pode expressar-se com liberdade e respeito, aprendendo a responder com autonomia aos apelos da vida… aos apelos de Deus!

Quanto seria desejável que nossas famílias, por uma saudável conspiração entre pais e mães, filhas e filhos, irmãs e irmãos, fossem, como a Família de Nazaré, incubadoras de cidadania e de militância, a serviço de um mundo diferente… a serviço do Reino de Deus!

Filhos, filhas, mães, pais, cresceriam juntos, num aprendizado permanente de valores e atitudes que dignificam, enriquecem e embelezam a vida…  E se estaria garantido às novas gerações um futuro semelhante ao daquele Menino que ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e das pessoas.

 Mais que nunca, nosso país precisa de famílias assim: onde as pessoas, motivadas pela Fé, crescem em dignidade, em solidariedade e em cidadania.

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<<Vamos pensar em Maria, ela não podia acreditar: ‘Como pode isso acontecer?’ E quando explicaram, ela aceitou. Pensem em José, ele também não entende, mas aceita, obedece. E na obediência dessa mulher e desse homem há uma família através da qual Deus sempre bate às portas do coração. Ele gosta de fazer isso, sair de dentro. Mas, aquilo de que Deus mais gosta é de bater às portas da família e encontrá-la unida, da família que faz seus filhos crescerem, e que criam uma sociedade cheia de bondade, verdade e beleza>> (Papa Francisco, Discurso na  Festa das Famílias, Filadélfia, 27 de setembro de 2015).

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O Ano Novo está chegando. E será realmente “novo”?… Vai depender da gente: se nos renovamos como pessoas, cidadãos e cidadãs, a começar de casa.

Para nossas famílias, um Ano Novo repleto da harmonia e da paz do Natal… Paz e harmonia que nascem, antes de tudo, da escuta atenta e acolhedora do que dizem nossas crianças e adolescentes… Não serão elas e eles nossos primeiros profetas?…

4SANTA MARIA, MÃE DO SENHOR
Lucas 2,16-21

Como seria bom começar um novo ano com a pressa dos pastores, correndo atrás da Salvação anunciada pelos Anjos…

Seremos capazes de decifrar, no Mistério da Criança deitada em cima de um cocho, por que tudo lhe foi negado, desde nascença?…

Por sinal, sobre a Mãe do Senhor, hoje, a grande homenageada, Lucas observa que “guardava todas estas coisas, meditando-as no eu coração” (Lc 2,19), No silêncio de José e na meditação de Maria, o convite a um momento de reflexão… de atenção aos “sinais dos tempos”…  E a Criança, filho deste humilde pai e desta humilde mãe, se torna, de repente, o sinal mais eloquente da solidariedade de Deus com os últimos da terra!…

De todas as pessoas que, por estes dias, têm passado pelos presépios das igrejas ou os têm armado em suas casas, quem terá feito esta leitura do Mistério, dando continuidade, hoje, à meditação de Maria?… Quem terá entendido o recado do Céu?…

E no oitavo dia do seu nascimento o Menino, filho de Maria, receberá de José, seu pai, o nome de JESUS! Quer dizer que, na Pessoa de Jesus, Deus vem a nosso encontro para nos salvar, nos libertar, primeiramente, do mal aninhado em nossos corações, da tara da desobediência a seus mandamentos, da busca individualista de nossos interesses egoístas… “Eis o pecado do mundo!”. Toda outra mudança só terá consistência, se começar por aqui, por dentro de cada um, de cada uma, de nós… Sem essa transformação interior de cada pessoa, todo projeto de mudança social acaba indo “pro brejo”… Já temos bastante experiência disso. E faz bem lembrar aqui o que dizia o primeiro presidente socialista de Angola, Agostinho Neto: Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”. Com esse sonho, com esses anseios, desejemo-nos uns aos outros e outras: FELIZ ANO NOVO!

E que a Mãe do Senhor rogue por nós, e nos seja inspiração, primeiro, na busca ardente de servir, no dia a dia de nossas vidas, ao projeto divino de LIBERTAÇÃO… Em seguida, de poder celebrá-lo e cantá-lo, ao longo deste novo ano, como ela o fez, um dia, na casa de Isabel!

Como de Maria, mais que nunca, Deus precisa de nós para realizar este sonho em nosso país ameaçado por um “projeto de morte”. 

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“Que todos nós possamos receber a paz e o conforto do Nascimento do Salvador”

 O Papa Francisco pronunciou sua Mensagem natalina ao meio-dia desta terça-feira, 25.12.2018, Dia de Natal, na sacada central da Basílica de São Pedro, dirigindo-se aos fiéis do mundo inteiro:

“Queridos irmãos e irmãs, Feliz Natal! Aos fiéis de Roma, aos peregrinos e a todos os que, das diversas partes do mundo, estão sintonizados conosco, renovo o jubiloso anúncio de Belém: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade’.

Como os pastores, os primeiros que acorreram à gruta, ficamos maravilha-dos com o sinal que Deus nos deu: “Um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Em silêncio, ajoelhemos e O adoremos!”

E perguntou: “O que aquele Menino, que nasceu para nós da Virgem Maria quer nos dizer neste dia­­? Qual a sua mensagem universal?

Ele mesmo respondeu:
“Ele nos diz que Deus é um bom Pai e nós somos todos irmãos. Esta verdade está na base da visão cristã da humanidade. Sem a fraternidade que Jesus Cristo nos concedeu, os nossos esforços por um mundo mais justo não têm sentido e até os nossos melhores projetos correm o risco de se tornar sem alma. Por isso, as minhas felicitações natalinas são os votos de fraternidade”.

 Feliz ANO NOVO! Do jeito que Papa Francisco nos ensina, com muita fraternidade, muita irmandade! Valeu!

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE. 
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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