Considero a matéria de vital importância. Acho pouco e vou para o superlativo que consagrou José Dias em Dom Casmurro: importantíssima. Tão e tão que deve ser discutida por toda a nação, em os três níveis, por se constituir em fato que, pelas conseqüências, atinge a todos nós. E, aliás, não só nós, brasileiros, como os habitantes de outros países, e, sem querer voar demais com as minhas asas curtas, diria que mexe com todo o planeta Terra! De modo que a matéria deve ser encarada com a profunda atenção, por exigir remédios igualmente fortes, a fim de ser o mal devida e exemplarmente debelado. Oxalá os deuses nos abençoe.

No aspecto, penso que a matéria é tão vital como o destino do lixo e o da água, temáticas que os meios científicos tem debatido, e, lá em Itabaiana, por exemplo, onde os maiores filósofos, mortos e vivos, do mundo, estão presentes, de muito já se vem alertado as mais expressivas lideranças mundiais para, especificamente, os problemas ligados a um e a outro. Agora me cabe a obrigação de pedir a atenção necessária para outro problema, que, pode parecer por demais singelo, e, para não alongar a conversa, vou direto ao assunto: o problema está ligado as estrelas. Está dito. Agora explico, ônus que me pertence, pela iniciativa da denúncia.

Não vou dissertar sobre a importância das estrelas sob o ponto de vista científico. Basta citar a poesia de Olavo Bilac, ora, direis, ouvir estrelas, etc., para o leitor amigo perceber que, apesar de a lua ser a preferida dos apaixonados, o problema se liga diretamente as estrelas, – que também já foi saudada por diversos poetas -, agora vou fundo ao assunto, a partir do momento em que as camisas de time de futebol começaram a adotar uma estrela para simbolizar um título ganho. E, se a mania – aí se situa o início do labirinto [não o do Minotauro, porque Teseu já deve ter morrido] pegou nos times grandes, se propagou, como uma gripe, entre os pequenos, de maneira que cada título ganho simboliza uma estrela a mais nas camisas, de modo que, aliando-se a estrela solitária do Botafogo, que não é mais solitária, o céu está ficando despojado de estrelas, para a contrariedade dos leitores de Olavo Bilac, que não poderão mais ouvir estrelas, como também pelo desequilíbrio da via láctea, a mexer no movimento da terra. Eis especificamente onde mora o perigo.

A minha sugestão objetiva provocar a discussão de um projeto a fim de não permitir mais a colocação de nenhuma estrela nas camisas dos times de futebol, bem como na obrigatoriedade de uma norma que obrigue todas as equipes a devolverem as estrelas, proposta que, aprovada, representará, primeiro, o sossego do planeta Terra e de todos que ainda se dão ao trabalho – eu diria luxo – de olhar para o céu a fim de ouvir estrelas. Olavo Bilac, no túmulo, há de bater palmas. Aposto. 15.04.13

Obs: Publicado no Diario de Pernambuco
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Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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