Padre Beto 1 de dezembro de 2018

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Em um ponto qualquer entre o céu e a terra, pessoas que passaram pela morte possuem o desafio de escolher entre suas memórias um momento determinado de suas vidas, uma boa lembrança, um marco em suas existências. O momento escolhido será recriado em um filme, que se tornará uma espécie de lembrança que levarão consigo para o paraíso. Além do choque dessas pessoas saberem que já passaram pela morte, resta ainda a difícil tarefa: escolher o momento mais importante de suas vidas. Apesar do título “Depois da Vida”, o filme de Hirokasu Koreeda é um chamado para todos que permanecem nesta existência, um chamado para a criação de momentos significativos, enquanto há tempo. O filme nos faz pensar se estamos realmente mergulhando na vida e nos tornando agentes que verdadeiramente a transformam.

Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os e nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Esta frase de Jesus em Mateus 28, 19-20 foi no transcorrer de nossa história muito mal compreendida e de uma forma contraditória praticada. Muitas pessoas foram obrigadas a passar pelo rito do batismo e até ameaçadas de morte para isso. Porém, a profundidade da frase vai além do simples sacramento do batismo. Ela nos revela um desenvolvimento da vida que nos leva a ser filhos de Deus. No pensamento de Pedro Abelardo encontramos um insight interessante que nos faz compreender melhor o símbolo da trindade e sua encarnação em nossa vida. Em primeiro lugar temos que recuperar a palavra batizar, que significa mergulhar. Jesus nos convida a mergulhar na essência de Deus para vivermos nele. Um mergulho em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Agora sim podemos utilizar o pensamento de Abelardo. O pensador relaciona cada pessoa da Santíssima Trindade a uma virtude. O Pai simboliza a potencialidade, o impulso de vida que gera vida. O Filho simboliza a sabedoria, a compreensão que abrange tanto o entendimento das coisas como a administração da vida. O Espírito Santo simboliza a bondade, o desejo que possuímos em fazer o bem. Aqui está o mergulho que devemos fazer. Somos convidados a alimentar nosso impulso de vida, o estudo como a compreensão prática de nosso universo e o fazer o bem diante das oportunidades. Como uma pessoa da Trindade não vive sem a outra, assim também são as virtudes. A potencialidade deixa de ser divina se não estiver acompanhada da inteligência e compreensão das coisas e se a bondade não for seu motor. Não nos basta a compreensão de nosso universo se não possuímos a vontade, o impulso criativo de interagir com ele. Sem ela nos tornamos eruditos e meros espectadores. Como também a inteligência sem a bondade pode ser extremamente destruidora. A bondade, por sua vez, pode ser explorada e gerar anulação de quem a possui se não vier acompanhada da inteligência. Como também, a bondade sem o impulso de vida que a concretiza é simplesmente boa intenção sem ação concreta.

Nós nos tornamos filhos de Deus e nos aproximamos Dele à medida que intensificamos nosso impulso de vida, nossa vitalidade e criatividade, à medida que estudamos e ampliamos nossos horizontes e refletimos como podemos administrar nossas coisas para que todos tenham vida, e, finalmente, à medida que procuramos fazer de nossos atos realizações do bem neste nosso universo. Somente com este mergulho podemos tornar nossa passagem por esta existência algo significativo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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