Djanira Silva 1 de dezembro de 2018

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As cores do tempo pintavam em cada canto, imagens e sombras. Dolorosas lembranças, caricatos sorrisos cheios de dentes e soluços.
O vento soprava desesperado magoando coqueiros e palmeiras. O mar parecia um louco. Sentado embaixo da palmeira observa o desmantelo do tempo. Não pode meditar. A inquietação de dentro e de fora não lhe permite. Para meditar precisa de paz , de sossego. Impaciente, se vai.
Caminha contra o vento, contra a afoiteza de uma onda que se esbagaça na praia. Não olha para trás. Não olha para lugar nenhum. Segue sem direção.
Será sem fim o seu caminho? Caminhos, caminhos. Ninguém sabe onde começam nem onde terminam. Cada com suas pedras. O pensamento se alonga ou encurta nos espaços vazios.
Na penumbra espera o amanhecer. Sente na alma uma noite sem fim.
Será que enquanto pintava girassóis, Van Gog pensava na morte?
Nas tintas jogadas sobre a tela um vendaval de cores. O amarelo agressivo radiografa sorrisos melancólicos, movimentos autômatos que pintam a vida enquanto a morte posa de modelo.
Vozes misturam-se ao Canto Gregoriano, ao ruflar das asas dos pardais, ao toque melancólico dos sinos. O tempo traduz, na tristeza dos ventos, a linguagem da solidão e do abandono.
O homem para. Escuta e nada ouve. Olha e nada vê.
Sob seus pés o caminho espera.
Chegará?

Obs: A autora é poetisa, escritora contista, cronista, ensaísta brasileira.

Faz parte da Academia de Artes e Letras de Pernambuco, Academia de Letras e Artes do Nordeste, Academia Recifense de Letras, Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda, Academia Pesqueirense de Letras e Artes , União Brasileira de Escritores – UBE – Seção Pernambuco
Autora dos livros: Em ponto morto (1980); A magia da serra (1996); Maldição do serviço doméstico e outras maldições (1998); A grande saga audaliana (1998); Olho do girassol (1999); Reescrevendo contos de fadas (2001); Memórias do vento (2003); Pecados de areia (2005); Deixe de ser besta (2006); A morte cega (2009). Doido é quem tem Juízo (2012); Saudade presa (2014); O Sorriso da Borboleta (2018)
Recebeu vários prêmios, entre os quais:

Prêmio Gervasio Fioravanti, da Academia Pernambucana de Letras, 1979
Prêmio Leda Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras, 1981
Menção honrosa da Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1990
Prêmio Antônio de Brito Alves da Academia Pernambucana de Letras, 1998 e 1999
Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2000
Prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, 2010
Prêmio Edmir Domingues da Academia Pernambucana de Letras, 2014

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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