Padre Beto 15 de dezembro de 2018

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Baseado em fatos reais, “O Poder da Esperança”, de Steven Sawalich, conta a história de Richard Pimentel. Durante a infância, Richard teve que enfrentar a instabilidade de sua mãe e a morte de seu pai. Na adolescência, ele começa a expor seus problemas aos colegas de escola e descobre o dom para discursos. Depois de ser rejeitado pelo seu ídolo Ben Padrow, o jovem resolve se alistar no exército. Durante o combate no Vietnã, Pimentel acaba perdendo a audição e, ao retornar para a sua terra natal, tem que enfrentar sua nova condição. Diante das dificuldades, ele se empenha para mostrar que não é inferior a ninguém e começa a defender idéias sobre os direitos dos deficientes. 
Feche os olhos, respire fundo e sinta somente você, o seu ser por alguns minutos. Depois abra os olhos, perceba a sua pele, a sua idade, as suas roupas, o lugar a sua volta, lembre-se de sua família, do seu bairro, da sua cidade, do Brasil, país terceiro-mundista repleto de contradições, com escolas públicas decadentes, uma diferença enorme entre ricos e pobres, lembre-se do valor do salário mínimo, da vida da maioria dos aposentados, etc. O que você percebeu ao fechar os olhos foi seu SER, mesmo que você não o conheça completamente, mas este foi seu SER. Todo o resto a sua volta é sua EXISTÊNCIA. O SER se desenvolve em uma EXISTÊNCIA concreta. O chamado “Reino de Deus” pregado por Jesus (Mc 4, 26-34) não começa depois da morte, mas sim na dinâmica entre o SER e a EXISTÊNCIA. A EXISTÊNCIA, porém, é marcada por limitações e fatores de alienação. Principalmente sofremos nela a alienação de nós mesmos, ou seja, não somos educados a nos autoconhecer com profundidade. Pelo contrário, somos levados a construir uma imagem, uma aparência para agradar o nosso grupo. Nós sofremos também a alienação em relação às outras pessoas. Aprendemos que as pessoas são simplesmente as outras e que não temos nenhum envolvimento direto com elas. Os outros são estranhos, senão concorrentes, durante nossa trajetória pela EXISTÊNCIA. No máximo reconhecemos nossa família e alguns amigos como pessoas diante das quais temos sentimentos, compromisso ou responsabilidade. Fora estes, os outros são os outros. E por fim, sofremos a alienação em relação a Deus. Lembramos de Deus quando sentimos medo, quando sofremos algum mal ou quando vamos a uma igreja. Mas, nas situações do cotidiano dificilmente levamos Deus conosco. Viver no Reino de Deus significa nos desalienar nestas três dimensões. Vivemos no Reino de Deus quando nos conhecemos com profundidade, nos percebemos de carne e osso, seres humanos que possuem sonhos, defeitos e qualidades. Nos desalienamos de nós mesmos quando nos vemos realmente nas situações do cotidiano e pensamos como deveríamos agir com veracidade. Porém, viver no Reino de Deus significa também se desalienar diante daqueles que chamamos de outros. Isso exige o reconhecimento real de que o outro é meu semelhante, um filho de Deus como eu sou e alguém que merece ser feliz. Mais do que isso, viver no Reino de Deus é me sentir comprometido com o bem-estar de qualquer ser humano, pois este é meu irmão. Por fim, viver no Reino de Deus significa colocar Deus em todas as situações da vida, fazendo delas algo sagrado. Não importa qual situação seja, pode ser a mais banal, torná-la sagrada com a presença de Deus é transformá-la em Realidade que chamamos de Reino de Deus. Se vivemos este processo de desalienação, este Reino de Deus germina e cresce ao nosso redor, e este processo não tem volta. Ele é um salto qualitativo que faz com que nosso SER amadureça e sua passagem pela existência se torne significativa. Se prestarmos atenção em cada passagem dos Evangelhos veremos que Jesus como Cristo é o NOVO SER, porque Ele vive com intensidade única e indivisível as três dimensões acima. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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