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A menina que morava
no sobrado cor-de-rosa,
por ser muito curiosa,
não parava de explorar:
toda vez que ela encontrava
um buraco diferente,
seu dedinho ia na frente
pronto para cutucar.
Foi assim que conheceu
cada casa de botão
da camisa que o irmão
colocou sobre a cadeira.
Foi assim que ela sofreu
para tirar o danado
do dedo roxo, entalado
no buraco da torneira.
Na caixinha cor do mar,
dentro da estante mais alta,
ela encontrou uma flauta
de oito furos musicais.
Pôs na boca e, ao assoprar,
desafinada e travessa,
o pai, com dor de cabeça,
exigiu: não toque mais!
Certo dia percebeu
que era horroroso enfiar
o dedo pra cutucar
as narinas com coceira.
Então pediu, e a mãe deu,
um lenço lindo, bordado,
com o seu nome gravado,
para tirar a sujeira.
Por ser curiosa e imprudente,
ela jamais refletia
que no buraco podia
ter um perigo escondido.
Foi por isso, infelizmente,
que, descuidada e sem medo,
sentiu um nhac! no dedo
que inchou, ficou dolorido.
O nhac! foi a picada
de uma formiga gigante
que voltou no mesmo instante
para o buraco no chão.
O pior foi a tomada
que, dando um choque na arteira,
deixou-a com a cabeleira
de quem viu assombração.
Somente após este dia,
a menina curiosa,
passando a ser cautelosa,
não repetiu essa ação.
Se você, também enfia
seu dedo em qualquer lugar
cuidado pra não chorar
por um nhac! no dedão.
Obs: O autor é membro da Academia Pindamonhagabense de Letras é autor de: Lágrimas de Amor – poesia; O sapinho jogador de futebol – infantil; O estuprador de velhinhas & outros casos – contos; Histórias de uma índia puri – infanto-juvenil; O casamento do Conde Fá com a Princesa do Norte, e Um caso de amor na Parada Vovó Laurinda – cordéis.
Imagem enviada pelo autor (Imagem: https://brasil.babycenter.com/…/minha-filha-n%C3%A3o-tira-o…)