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1 – PREPARAI!
(Lc 3,1-6)

Preparar no deserto os caminhos do Senhor é a conclamação contundente de João, o Batista.
Deserto lembra “sertão”… Sugere silêncio, solidão, estar a sós, escutar o próprio coração… Implica, igualmente, em olhar para o mundo em volta… e ser capaz de ouvir, por trás de todos os ruídos, os passos d’Aquele que está chegando…
Haverá algum tipo de entrave, de empecilho, de barreira, de entulho?… Ou, então, de buraco, de barranco, de areia movediça, de pântano, de atoleiro?… Circunstâncias que impedem que ele chegue até nós?…
Aplainar os caminhos, endireitar as estradas, tapar os buracos… tem a ver com as mudanças que precisam ocorrer em nossa vida pessoal… tem a ver com a nossa militância nos vários ambientes em que transcorre a nossa existência cotidiana…
Eis as tarefas que nos são confiadas pela graça desse 2º Domingo para esta segunda semana de Advento: escutar os profetas de hoje, de aqui e de agora, dentro de nossa casa… em nosso ambiente de trabalho ou de escola… nos eventos, nos encontros e desencontros que nos surpreendem e nos chamam a responsabilidades e iniciativas…
Se nos acordarmos de nossa demência e acomodação e arregaçarmos as mangas, veremos, com alegria, a Salvação de Deus!

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À luz desta reflexão, encaremos a importância da comemoração: 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10.12.1948 /2018)! Especialmente, na conjuntura destes últimos dois anos, há muito o que celebrar e agradecer?… As perspectivas para o Ano Novo, do ponto de vista destes sagrados Direitos, são alvissareiras?… Se o clima é de deserto, estamos sendo desafiados a assumir a missão do Batista: “Preparai os caminhos!”

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A COROA DO ADVENTO

Ao lado da liturgia universal e geral, existem também certas práticas de Advento nas famílias cristãs. A mais significante entre elas é a celebração familiar, com cânticos e orações, em redor da Coroa do Advento, feita de raminhos verdes (= símbolo de vida) e tendo quatro velas que se acendem nos quatro domingos, em número sempre crescente, pois aproxima-se a Luz” (de “O Novo Catecismo”, Editora Herder, São Paulo, 1969, p. 89).
A meu ver, esse rito fica muito bem nas celebrações das CEBs. Como sugeri, domingo passado:
– após a homilia ou reflexão compartilhada sobre as leituras bíblicas do domingo, ao canto do “Olhando ao longe”, entra a Coroa do Messias, carregada pelas mãos das Crianças da Comunidade;
– no lugar devidamente preparado para ela, ao ser depositada a Coroa e terminado o canto, alguém cantará, interpelando as Crianças ou toda a Comunidade: “Que Coroa é essa…” E as Crianças responderão, ou toda a Comunidade responderá, cantando: “É a coroa do Messias…”
– acende-se, então, a vela correspondente ao Domingo do Advento;
– em seguida, fazem-se as preces, e começa-se a Liturgia Eucarística, com o Ofertório.

2 – ALEGRAI-VOS
Lc 3,10-18

Já é tempo de alegrar-se com o perfil do Messias que nos é prometido e que, aliás, já conhecemos…
É a alegre expectativa de uma mãe gestante: Maria, hoje, aqui e agora, isto é, a Igreja!
João Batista dá as dicas: se começamos desde cedo, desde o 1º Domingo do Advento, quinze dias atrás, a entrar nesse clima de expectativa e de preparação para a chegada d’Aquele que nos foi prometido, é possível que já tenhamos em vista “sinais” de alguma coisa nova e boa, que nos dão o direito de nos alegrarmos:
– se renasce em cada um, em cada uma, de nós, um novo homem, uma nova mulher, uma nova criatura, mais semelhante a Aquele que, um dia, já nos veio e nos chamou a segui-lo pelo caminho do “amor maior”…
– se desponta uma mais profunda comunhão entre os membros da Comunidade, onde todos e todas estão se empenhando mais no cuidado generoso e no serviço alegre, entre irmãos e irmãs, na alegria da fé e da esperança…– se conseguimos até, contagiar a nossa vizinhança, os nossos companheiros e companheiras de trabalho, os colegas da escola, e todo o povo com quem convivemos, com um mais forte espírito de tolerância e amizade, de solidariedade e cidadania, de organização e de luta pelos nossos sagrados direitos e pelo Bem Comum…
… é sinal de que ele está chegando e haverá razão para tanta luz e tanta música nos ambientes onde convivemos.
Sim, porque…
– Natal do Papai Noel, é apenas a passageira ilusão do consumismo…
– Natal da Religião, será apenas a fantasia dos coloridos presépios e das concorridas celebrações das “Missas do Galo”…
– Natal da Fé no Evangelho, esse sim, é acolhida do Príncipe da Paz na própria vida, e testemunho do seu Reino lá onde se vive, na simplicidade e no concreto do cotidiano.
Se for assim o nosso Natal, alegremo-nos! Ele está chegando! Ele está bem perto!

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Mas não podemos esquecer que, dia 13 passado, há 50 anos, o Regime Militar, que governava o Brasil, baixou o Ato Institucional no. 5: era a “ditadura” na sua fase mais dura. Muita gente foi presa, torturada e morta por pensar diferente do Regime… Hoje, há quem queira negar e até voltar a esse passado triste e sombrio. Em nome do Príncipe da Paz precisamos rechaçar este pesadelo! JESUS venha nos trazer esperança de mudança!

Sonho que se sonha junto é sinal de solução
Então vamos sonhar, Companheiros,
Sonhar ligeiro, sonhar em mutirão!

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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