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A pergunta parece absurda, e a resposta, óbvia: claro que não. O que serve para é a capacitação técnica, devidamente comprovada, em algum ofício, que permite gerar resultados tecnicamente satisfatórios. Quanto mais experiência neste exercício, ainda melhor. E os jovens e adultos saem à procura de títulos que preencham seus curriculum’s segundo aquilo que se espera dele, o que é natural.

Um dia destes, andado pela rua à procura de um profissional específico, fui tomada por um pensamento curioso: quantos profissionais, na minha vida inteira, me marcaram a ponto de criar vínculos, me fidelizar como cliente, suprir realmente minhas necessidades? Fiquei surpresa ao perceber quão poucos: cabiam nos dedos de uma mão, ao longo da minha quase cinquentenária vida, ou seja, um por década. Lembrei rapidamente do médico da família, aquele senhor tão humano e cativante que não sossegava enquanto não nos sentimos melhores, e parece que compartilhava e até antecipava nossas dores e preocupações…quantas especializações possuía? não sei se havia alguma…

E aquela jovem que me atendia na lojinha de roupas, que se dava ao trabalho de ligar lá para casa quando chegava alguma coisa que era “a minha cara”, escondendo a mercadoria dos outros clientes? Quantos anos comprei roupas apenas naquela lojinha, de duas portas, numa quadra pouco movimentada?

E o garçom que sorria à nossa chegada, sabia o que as crianças gostavam de comer, perguntava pelo primeiro dentinho caído… quantos anos comendo no mesmo restaurante! E não havia nenhum “chef” de padrão nacional ou internacional na cozinha…

Não sei…talvez seja só uma fantasia… mas me parece que que o patrão que contrata o técnico experiente de caráter duvidoso em detrimento da pessoa íntegra e entregue ao que faz não é um ser muito dotado de perspicácia. Treinamento técnico, se adquire (ainda mais quando se considera que as pessoas de valores costumam ser bem motivadas ante o novo)…mas onde aprender caráter e humanidade? De que vale o “curriculum de peso” que se entrega à ociosidade ou a práticas desonestas assim que o patrão lhe dá as costas? Não estaremos pagando muito alto por papel descartável, do ponto de vista prático?

Ainda acho que aquele médico, aquela vendedora, aquele garçom, aquele marceneiro e outros do tipo sempre se destacarão e encontrarão seu lugar à luz, ainda mais num mundo em que são cada vez mais raros. Apesar disso, a formação de jovens e adultos que se dirigem ao mercado de trabalho menospreza qualquer coisa que se refira a valores… que pena! Para eles e para todos nós, que perdemos todos, na humanidade.

Obs: A autora é professora de Filosofia da Nova Acrópole há 30 anos (www.acropole.org.br – www.acropolis.org), autora de quatro livros de poemas e crônicas, com cerca de 200 palestras no Canal da Nova Acrópole no Youtube, com 126.000 seguidores, dona dos blogs luciahga.blogspot.com.br observacoesmatinais.blogspot.com.br e da página do , facebook Lucia Helena Galvão – Poesia Filosófica, com 91.000 curtidas, já realizou palestras no Brasil e no exterior e participou de inúmeros programas de entrevistas, podcasts etc.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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