No dia 15 de novembro celebramos a proclamação da república.
Foi em 1889, portanto há pouco mais de 100 anos. Se medimos nossa história, o tempo é pouco. Ficamos 300 anos colônia, depois passamos 70 anos como império, e agora somos uma república.
Olhando a história, é bom constatar que foram poucos os presidentes eleitos pelo povo e que puderam terminar o seu mandato regularmente. Tivemos diversos momentos de exceção, com períodos de ditaduras. Ainda precisamos consolidar nossa tradição republicana, habituando-nos a participar organizadamente da vida política de um país que tem dimensões continentais, e que por isto requer uma articulação que não é fácil de realizar. E’ bom dar-se conta dos desafios próprios do país em que vivemos. Isto também faz parte das responsabilidades que devem ser conferidas em nossa consciência de cristãos.
Outro detalhe: com a proclamação da república se alteraram completamente as relações entre a Igreja e Estado, como se costuma dizer. Isto é, entre a organização civil, e a organização religiosa do povo. Isto coloca um desafio a mais, que começa a revelar a sua complicação, com o súbito aparecimento de tantas “igrejas”. Quase todos os países, a este propósito, dispõem de normas escritas, assumidas em forma de um “tratado” entre a Igreja Católica e os respectivos governos, que disciplina os direitos e os deveres, tanto do “Estado” como da “Igreja” em cada país. Finalmente, este “convênio” foi elaborado e aprovado oficialmente, entre o Estado Brasileiro e a Igreja Católica
Isto não esgota o assunto. Como agora são tantas as “Igrejas” que atuam livremente no país, bom seria se fossem estabelecidas normas adequadas, para evitar equívocos, com expedientes que simplesmente abusam da tolerância do Estado Brasileiro para fazerem da religião uma forma de explorar o povo.
São problemas que vão requerer, certamente, uma legislação específica, para ao mesmo tempo garantir a liberdade religiosa, e impedir que a religião seja usada para enganar o povo.
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.