“Viver é se sentir fatalmente forçado a exercer a liberdade, a decidir o que vamos ser neste mundo”.
Jose Ortega Y Gasset.
Tudo indica que passaremos por um período de renovação, de troca de comando político. Desta vez, sairão os socialistas, com seus sonhos obscuros com o coletivismo, suas preferências situadas no controle absoluto do governo, este que decide todos os rumos da vida do indivíduo. Uma mudança muito saudável porque o método utilizado atualmente, e com perspectiva de ser aplicado mais intensamente, já é comprovadamente um fracasso, em todas as nações que vieram a adotar tal prática.
Dias difíceis virão, um sistema destes não é desmantelado do dia para a noite, sacrifícios terão de assim ser suportados, ajustes estruturais intensos deverão ser aplicados, e acompanhados de perto no que diz respeito a sua real sobreposição – resistências existirão -, uma má vontade com o novo fatalmente surgirá na ordenação do meio. Mudanças causam desconforto.
Quem quer mudança, e quer escapar do controle absoluto, deve cobrar coerência e se dispor ao sacrifício. Não se pode partir para a interpretação de uma realidade onde só se deseja vantagens, como se estas, fosse direitos natos. Ortega Y Gasset aborda apropriadamente como: “nos motins provocados pela escassez, às massas geralmente procuram pão, e o meio que geralmente empregam para consegui-lo é destruir as padarias”. Ou seja, destroem a fonte de saciedade.
Não se deve pensar que uma resistência feroz ao novo método será inexistente. O vício na tutela é muito forte, o amor por controle, e por ser controlado estará presente. O processo educacional que estabelecerá o novo comportamento não será bem recebido, são muitos anos de incentivo ao comportamento gregário, onde o coletivo vive em função de uma liderança.
O incentivo a tolice durou décadas, e como também citou Ortega Y Gasset: “o tolo ao contrário não suspeita de si mesmo: parece muito discreto, e essa é a invejável tranquilidade com que o néscio se assenta e se instala em sua própria torpeza. Como esses insetos que não há como tirar do buraco em que habitam, não há como desalojar o tolo de sua tolice, leva-lo para passear um pouco além de sua cegueira e obriga-lo a contrastar sua visão torpe habitual com outros modos mais sutis de ver”.
Vamos torcer para que exista um erro de interpretação da realidade no pensamento do filósofo, e que ao menos a grande maioria entenda e se adapte aos novos tempos. Uma minoria resiliente sempre existirá, mas que não seja suficiente grande para inviabilizar o processo. A unanimidade, embora desejável, retira o senso crítico. Será sempre necessário o contraditório, o tempero, o sal da terra. Até porque no autêntico regime democrático, as diferenças convivem em harmonia, e nele todos têm direito a palavra. Quem ama a censura, o controle, e a centralização absoluta de poder não somos nós. Se chegarem, os novos tempos, que possamos aproveitá-lo para afastar de vez o risco de algum dia estar subjugados pelo totalitarismo presente nos devaneios ideológicos de uma minoria.
Obs: Citações retiradas do Livro: A rebelião das massas. José Ortega Y Gasset.
A Rebelião das massas/José Ortega Y Gasset; tradução de Felipe Denardi – Campinas, SP: VIDE Editorial, 2016.
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