Dênis Athanázio 1 de novembro de 2018

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https://denisathanazio.wordpress.com

“Tudo para mim, nada para você”

Eis a fala mais terrível de se ouvir

No jogo de burquinha.

Com a cara na terra

E morrendo de medo de perder

A sua preciosa leiterinha

 

Aí a gente cresce pensando igual

Abandona a burquinha,

Mas não o hábito de brincar

De tudo para mim, nada para você

É eu sei, parece coisa de maníaco

Da mania de querer ser o centro do mundo

Do desejo de tudo

 

Depois não basta desejar o tudo do outro

Tem que ter mais que o outro em tudo

Tem que ter tudo o que o outro tem e mais um pouco

Sem a mínima possibilidade

De perder algo do seu todo

 

Ai eu passo por cima de tudo e todos

Para ter o meu tudo e o tudo do outro

Para viver o tudo para mim, nada para você

Aí eu quero o mundo todo só para mim

 

Até o ponto

Que nem sei mais o que quero

Só quero querer

Não importando

O que tenho que fazer

Para me satisfazer

 

Mas não me satisfaço nunca

Desfaço do outro

Se preciso for

Desato laços

Não conheço o não

Apenas o eu quero

 

Acho que um dia

A gente consegue explodir tudo

Inclusive essa burquinha

Chamada Terra

Vivendo nessa compulsão

De querer

Tudo para mim, nada para você

 

Aos que chegaram agora

recém-saídos

Do aconchegante útero materno

Sejam bem-vindos

Este é o Mundo Pós Moderno.

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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