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Meu coração é um sólido embornal metalizado.
Dentro, tem dois pequeninos objetos, um cortante, e outro, sanador.
Com enorme dificuldade, enquanto ele resiste com garras e dentes, pego essas duas peças e consigo escondê-las na cabeceira do sonho adormecido de tresontontem.
Lugar onde escondo minha alegria pura de menino e minhas palavras sempre prenhes de amanhãs.
Não temo o hoje putrefato de arte editalesca, seminários patrocinados pelo capital sangrento dos bancos, e campanhas politicamente corretas enfeitadas de hashtags comportadinhas.
Conheço desde criança a ciranda dos medos. Porque o hoje tá careta e o Homem esconde seu sonho no sorriso amarelo das telinhas smartfoniescas.
Canto o ápice desses tempos opressores. Recito o verso que ontem não gorou, para que amanhã ele regurgite todo o sangue coalhado no hoje.
E sigo, Cabeça de Poeta, cometendo versinhos imaginários por sobre os peitos trancados do povo, aterrorizado pelo medo do futuro.