15 de outubro de 2018
A convivência é algo que depende de muitos saberes práticos. Na hora que todos resolvem fazer triunfar todas as pretensões, apetites e desejos, a vida vira uma guerra de todos contra todos… é o que encontramos nas ruas o tempo todo.
Entrei no avião e me sentei naquela poltrona do corredor, numa aeronave de pouco espaço entre as cadeiras, como é bem comum no nosso país. E logo sentou-se um sujeito na minha frente. Quando decolou, ele virou-se para trás e perguntou se me incomodaria caso ele reclinasse a poltrona. Aquilo pra mim foi um golpe… um golpe assim de extrema violência.
Eu ensino ética a anos, e digo sempre que ética é a arte da convivência. E nos últimos anos tenho pego avião constantemente e eu nunca fiz isso. Nunca me ocorreu fazer isso. Por quê? Porque tá lá o botão… eu aperto, reclino, se tenho que reclinar. Sem nem dar a menor importância pra quem está atrás. E de repente, um senhor qualquer faz isso… Ele condicionou o conforto dele a minha autorização. E isso pra mim foi uma revolução. Eu olhei pra ele sem ter o que responder.
Então eu disse que podia reclinar, que estava tudo bem. Ele não acreditou em mim e não reclinou a porra da poltrona… acho que só pra levar essa humilhação até o fim.
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Obs: Imagem enviada pelo autor