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1. Domingo da abertura do coração
Marcos 9,38-48

Um dia, perguntaram ao Dalai Lama sobre qual seria, a seu ver, a melhor religião. E ele respondeu com divina clareza: “Aquela que nos faz melhores!”.
Depois de uma semana passada nos mais variados ambientes, testados a todo momento sobre os valores e princípios que orientam nossas vidas, chegamos para o encontro festivo com o Ressuscitado.
Nossas atitudes frente a pessoas e acontecimentos demonstraram, de várias maneiras, em quê ou em quem realmente cremos, e o que efetivamente alimentamos como visão de mundo e sentido da vida.
Nossas convicções e opções não nos dão, porém, o direito de nos considerarmos melhores ou superiores a quem quer que seja, e, muito menos, com direito a vantagens ou privilégios sobre os demais.
Se o nosso coração estiver afinado com o Evangelho de Jesus, nossa postura será sempre de grande abertura, para reconhecermos o bem e a beleza que se manifestam nos demais, e bendizermos ao Deus de todos os dons.
Estaremos atentos, sim, a não contrariarmos nem escandalizarmos, sobretudo aos mais humildes, e seremos radicais ao cortar pela raiz qualquer pretensão de superioridade ou de exclusividade que desponte em nós.
Nosso canto, então, ao celebrarmos o Deus da vida, terá a altitude e amplitude do voo das águias.

Já ouvimos da boca de alguém, em alguma ocasião, a palavra “fundamentalismo”… É aquela “certeza” doentia sobre os “fundamentos” de nossas crenças, religiosas ou políticas, que nos leva a olhar para os que pensam de modo diferente, com desprezo e rejeição… Quantas oportunidades nós perdemos de aprender com os demais, de nos enriquecer mutuamente com nossas experiências, de somar esforços em busca do Bem Comum e do Bem Viver!… É possível que esse fanatismo inspire o voto de muito de muito eleitor/eleitora no próximo dia 07 de outubro. Como cidadãos cristãos, como cidadãs cristãs, responsáveis por nosso país, conscientes da importância de cada pessoa, priorizando os mais precisados, comprometidos com a Classe Trabalhadora, precisamos, ao mesmo tempo, discernir, entre os candidatos, quem mais e melhor se aproxima dos valores do Evangelho… mas também, cortar pelo pé qualquer interesse egoísta, toda e qualquer busca individualista de vantagem, toda e qualquer posição preconceituosa e exclusivista. Coragem!
……..

Felizes as pessoas que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir!” Porque o pior cego é aquela pessoa que não quer ver, que não enxerga os “sinais dos tempos”. E o pior surdo é aquela pessoa que não quer escutar “o que o Espírito diz às Igrejas”. É o “pecado contra o Espírito Santo”!

2 – DOMINGO DA DIGNIDADE DO MATRIMÔNIO, DA MULHER E DA CRIANÇA
Marcos 10,12-16

As aberrações do sistema capitalista, consumista e desperdiçador não afetam apenas a vida econômica, no que tange a produção e consumo de bens materiais. Todas as dimensões da vida humana e toda a convivência entre as pessoas, pouco a pouco, são contagiadas pela lógica do lucro, do consumismo, do descartável. É assim que a Religião se tornou artigo de consumo e negócio regido pelos ditames do mercado. É assim também que o Matrimônio perde o seu caráter de união estável e compromisso indissolúvel, passando as relações conjugais entre homem e mulher a reger-se pela lei do prazer descartável. E a Criança, que, de certo ponto de vista, não dá lucro, só dá trabalho e despesa, é vista, muitas vezes, como um empecilho indesejável e, também, coisa descartável. Daí a dupla atualidade da mensagem evangélica de hoje:

  • Casamento é coisa de Deus, realização plena da imagem e semelhança do Criador, um Deus-Amor-e-Fidelidade.

  • Criança é gente e, por sua fragilidade, merece uma atenção prioritária, como todos os “pequeninos”, a quem pertence, prioritariamente, o Reino.

A Assembleia dominical é, então, o momento privilegiado de celebrar essa visão e essas vivências (cume) e de fortalecê-las, inclusive, por um canto capaz de expressar a ternura e a fidelidade de Deus, que precisam brilhar na vida dos casais e na maneira de tratar as crianças (fonte).

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Neste Domingo, 07 de outubro, as cidadãs e cidadãos brasileiros elegem as pessoas que vão conduzir os destinos do país por quatro anos. Quanta responsa-bilidade! Eleger pessoas que promovam melhores condições de vida para todas as famílias, de forma que possam viver em harmonia e criar bem seus filhos e filhas. Priorizar as famílias que mais precisam. Eis o que interessa!

Como cristãos e cristãs, nosso voto deve ser iluminado pelo Evangelho. O Manda-mento do Amor exige de nós uma participação permanente nas lutas de todo o povo por um país de igualdade, de justiça e de direitos para todos e todas. Para isto, a gente faz a Comunhão no Corpo e Sangue de Cristo. Quem já provou que faz pelos que mais precisam, merece mais confiança. Cuidado com os falsos profetas e os Anticristos!

UM VOTO CONSCIENTE É UM PODEROSO ATO DE AMOR, QUE BENEFICIA TODO UM POVO, GARANTINDO O FUTURO DE NOSSOS FILHOS E FILHAS. VOTE POR AMOR AOS QUE MAIS PRECISAM!

3 – DOMINGO DA ENTREGA INCONDICIONAL
Marcos 10,17-30

No caminho de Jesus, além das multidões rudes e estropiadas, gente tachada simplesmente como “pecadores”, aqui e acolá, acorriam-lhe também pessoas ditas “de bem”, gente “decente” e de “boa aparência”.
É possível que fossem pessoas tocadas pelo que de especial Jesus deixava transparecer, pelo algo mais que sua mensagem sugeria, por inquietações que a postura e a palavra de Jesus nelas despertavam.
Foi a vez desse moço. Um “ficha limpa” inquestionável… Vem correndo. Cai de joelhos diante daquele que chama de “bom Mestre”. Sua pergunta tem a ver nada menos que com a “vida eterna”. Sua preocupação é saber o que fazer para ganhá-la.
De cara, Jesus questiona essa história de chamá-lo de “bom”. Bondade, mesmo, é coisa de Deus. Mas vamos lá, e lhe enumera os mandamentos que têm a ver com o amor do próximo. Para o moço, isso não é nada. Sempre fez tudo certinho.
Sem mencioná-lo, Jesus parte para o que tem a ver com o primeiro mandamento, o amor a Deus sobre todas as coisas. Só lhe faltava “uma coisa”: vender tudo quanto possuía e dar o dinheiro aos pobres. E esse detalhe era tudo. Aí é que a “vida eterna” se manifestaria na sua vida, já agora: deixando tudo quanto possuía, deixava-se possuir por Deus e sua Bondade. E o papo terminou aí.

O restante da conversa ficou para os discípulos, espantados com o que viram e ouviram.

Nesta celebração, aqui e agora, nosso canto e nossa comunhão na Ceia do Senhor terão a força de nos ajudar a experimentar a radicalidade do amor?…

Uma pergunta que não dá para não fazer: — Nessa conjuntura “pré-segundo turno” das eleições, o que se exige de nós, em nome da radicalidade do AMOR?…

………….

ELEIÇÕES – 2º. Turno –

Pr. Roberto Zwetsch – Igreja Luterana

(…) Estamos diante de uma opção crucial e crítica neste segundo turno: democracia ou barbárie. Democracia representada por um projeto de país que preserve e aprofunde as conquistas sociais de justiça e contra a desigualdade histórica que divide a sociedade brasileira. Barbárie representada pelo autoritarismo mais tacanho que está alicerçado nos valores da força, da truculência, da fachada de honestidade pura, da relação direta entre governo e governados sem mediações, o que nos faz lembrar regimes totalitários que destruíram povos e nações, como o fascismo de Mussolini, o nazismo de Hitler e outros regimes ditatoriais.

Será que estaríamos diante da reviravolta histórica de um fascismo a brasileira nos dias de hoje? E agora um fascismo legitimado por grupos religiosos neopentecostais com inegável poder midiático e uma visão de mundo paradoxalmente anacrônica e contemporânea? Há muitos sinais que apontam nesta direção. Se este é o caso, quem se coloca no campo democrático e das lutas pelos direitos das maiorias terá de assumir, sem medo e sem descanso, a luta pela eleição de Fernando Haddad como nosso futuro Presidente no próximo dia 28 de outubro.

Obs: Reginaldo Veloso de Araújo é Presbítero das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, no Morro da Conceição e Adjacências, Recife-PE.
Compositor litúrgico, com diversos CDs gravados pela COMEP/Paulinas e pela PAULUS
Assistente adjunto do Movimento de Trabalhadores Cristãos – MTC-NE2
Assessor pedagógico do Movimento de Adolescente e crianças – MAC e do PROAC
Membro da Equipe de Reflexão sobre Música Litúrgica do Setor de Liturgia da CNBB
Mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana – PUG (Roma, 1962)
Mestrado em História da Igreja, pela PUG (Roma, 1965)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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