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Não gostaria de discutir nesse texto sobre regras e leis de trânsito tecnicamente. Não sou um bom entendedor do assunto. O que sei é que, por algum motivo, na minha cidade nenhum radar ou equipamento de fotografar carros estáfuncionando. Vejo motoristas estacionando em vagas reservadas a deficientes, gestantes, idosos, etc. Também vejo carros passando no sinal vermelho o tempo todo e sinto uma coisa estranha dentro de mim quando presencio essas cenas. Me dá a impressão de que eu estou sendo idiota, de que estou perdendo tempo em esperar o sinal verde aparecer, em resumo, sinto que estou errado fazendo o certo. Por que será? Esse texto é para você que está achando o mundo estranho demais, e tem medo de como você pode estar ficando “estranho” também. Teme ser uma pessoa sem ética, sem senso de justiça ou sem muitos outros valores primordiais para a boa convivência dos seres humanos.

Mas nessa semana presenciei um fato bonito que me deu uma leve esperança. Em uma rua estreita e movimentada, onde com muita dificuldade cabem dois carros, vi um caminhoneiro parar todo o trânsito para uma velhinha atravessar a rua. Não consegui avistar alguma faixa de pedestre, mas o que percebi imediatamente foram alguns motoristas buzinarem para o caminhoneiro sair da frente, pois estavam impedindo a passagem dos mesmos. O caminhoneiro aparentemente não ligou para as buzinas, foi como ele dissesse “podem me atacar, vocês não estão vendo o que estou vendo”.

Às vezes temos que incomodar as pessoas para fazermos um bem maior, isto é, um bem para além do seu umbigo, para além do seu “próprio carro”. Esse bem só pode ser maior se existe um outro que enxergo como pessoa e não como um obstáculo.

Os que buzinam atrás do caminhão não são apenas os “mal educados”, mas talvez sejam os que não conseguem enxergar. É por isso que quem enxerga é mais exigido e mais cobrado a fazer o “certo”. A questão aqui não é um conselho para você subir em um pedestal e gritar o caminho que você acha correto a ser seguido, é apenas de conseguir mostrar “olhe com seus próprios olhos o que estou conseguindo ver e depois me fala se é bom”. Há os que nasceram cegos fisicamente, mas nosso mundo está cheio mesmo é de cegos de alma.

Se quiser fazer um pouco diferente do que está vendo por aí, se esforce, não se conforme, melhore algumas ações cotidianas que identifica que são ruins, lute contra o comodismo cego no qual somos todos os dias tentados a permanecer. Como dizia o pastor e ativista político Marthin Luther King: “Eu prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver”. Então, prepare-se para guerra, ou, melhor dizendo, para o trânsito.

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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