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Lá estava ela pálida com manchas avermelhadas no rosto, seu semblante representava calmaria, algumas horas atrás e estava gritando com todos, mas naquele momento seu silêncio eterno ecoava no recinto.
Deitada em um caixão de madeira, flores rosa cobrindo-lhe as pernas até a cintura, nas mãos trazia uma flor branca e o rosto coberto de um véu transparente.
“Quanta coragem” – pensei. Jamais poderia imaginar que seu fim seria este. Queria ser livre e neste ideal brigava com tudo e com todos, não era aceita em sua maneira de pensar e de viver por isto sofria.
Só queria ser amada. Não conseguiu, desistiu de continuar tentando descobrir o significado de sua vida. Tomou três litros de bebida alcoólica e depois ingeriu veneno fatal.
E lá estava ela preparada para seguir em frente. Decomposição natural. As pessoas na sala só enxergavam a casca que em breve não mais existiria.
Conversávamos em segredo. – “Moça que trágico, não precisava ser assim, e onde eu estava quando você decidia partir desta maneira. Provavelmente imaginou esta cena, em que eu estaria aqui te fazendo este questionamento, e sei que me responderia se pudesse, e pode!”.
– “Pobre mundo podre, hoje nem é domingo, sou só mais uma vítima do preconceito, e este é só mais um pequeno conto embalado na cantiga do nunca mais. Inté, já é hora de dormir”.
“Pequeno conto poético: dedicado a minha prima Rute Manfrin, alma linda e limpa, vítima do preconceito. Passou por este planeta, tentando descobrir o verdadeiro sentido do amar e ser amada. Não conseguiu”.