elza fraga 26 de setembro de 2018

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Sabia, no passado! – que poderia contar com você nas eventualidades da vida, me sentia linda ao seu lado,confortavelmente plena.

Sabia, no passado! – que nos entendíamos daquela maneira sutil onde olhares falam mais que linguas, seguíamos, bocas fechadas, olhos nos olhos, conversando em idioma próprio.

Sabia, no passado! – que o “ao redor” não era nosso, nada acrescentava ou atrapalhava nossa trajetória, éramos fortes, éramos dois contra o resto que viesse, éramos a vida que pulsava quente em veias transfundidas.

Sabia, no passado! – que todo por de sol nos pertencia, os rios, cachoeiras mares eram nossos por direito, as areias de todas as praias, as conchinhas catadas em comunhão nos amanheceres, tudo nos unia, tudo nos falava a alma, tudo era mansidão e calma, e tudo era eterno.

Quantas vezes admiramos juntos, e acompanhamos, o crescimento de um botão em rosa, e choramos com as faces encostadas, misturando o sal as pétalas caídas ao relento?

Quantas vezes, andando de mãos dadas pela grama, nos assustamos com joaninhas abusadas subindo por nossos braços, e ao depositar nosso tesouro de volta ao gramado, rimos como bobos da confiança em nós depositada?

Quantas vezes fomos felizes de verdade?

Agora, tanto tempo escorrido, fico daqui querendo sussurrar de novo em seu ouvido, os meus segredos, sabendo que a vida não tem placa de retorno, não tem desvio nem parada obrigatória. Só tem sinal verde e siga em frente.

O que eu sabia, no passado! – já não sei mais.
O ‘quantas vezes juntos’ não mais existe.

Hoje, se acaso encontrasse você em alguma esquina, não lhe reconheceria, talvez o cheiro do seu perfume me chegasse as narinas e, por um segundo, puxaria da memória alguns momentos em que me via completa.

Agora é tarde pra retomar o passado e lhe por rédeas. É seguir reta, ereta, rosto trincado, sabendo exatamente o que me falta ao lado.

E o tudo eterno de antigamente ficou nas páginas amareladas de um caderno perdido em mudanças.
Sem foto, sem compromisso escrito…
Só lembranças!

elza fraga
Em só histórias pra morar nas gavetas da alma.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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