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Nas esquinas da madrugada almas confabulam, contrabandeando sentimentos.
Charlatães, prostitutas, amas de leite,
comércio ilegal, vícios, deleites.

Penadas almas em fugas de pestes,
atravessam em faixas de pedestres.
Lixo escuro debaixo do tapete, alguém dá a luz
em grave grito de delito a se esconder da ronda.
Há um paletó sobre o cadáver,
médico é extinto em dolorosos instantes.
Atrás das grades o preso grita
enquanto outros se agitam.
Crime e testemunha.
Uma arma reluz esquecida
na encruzilhada bandida.
Bêbado confessa crime de execução,
tiro sem bandido, mala sem provas.
Alguém suplica em reza redonda,
uma absolvição que seja, menos provação.
Saia sobre pernas cabeludas
treme na delegacia, vida em sangria.
Batina descansa na cama,
não há sermão nem mesmo pijama.
Poeta declama solidão para as paredes
entre fumaça de fio verde.
Ratos saem dos boeiros
escorregando na lama,
moça insone vive seu drama.
Prostituta em botas altas suspende o short,
rapazes de carro gritam em deboche.
Menino suplica entre tapas
reagindo ao camburão.
Madrugada dos sem perdão.

Obs: A autora é poeta, administradora e editora da Revista Perto de Casa.
http://pertodecasa.rec.br/
Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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