Padre Beto 1 de setembro de 2018

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Um jovem rapaz abandona sua vida de conforto para buscar a liberdade pelos caminhos do mundo, uma viagem que o leva ao Alasca selvagem e a um desafio supremo. Escrito e dirigido por Sean Penn e apresentando um elenco incluindo William Hurt, Marcia Gay Harden, Vince Caughn, Catherine Keener and Halbrook, “Na Natureza Selvagem” é tão perturbador, envolvente e impressionante quanto belo. Ao acompanhar a busca do jovem por uma aventura ao desconhecido aprendemos uma simples, mas urgente, lição para os dias atuais: a felicidade só é completa se compartilhada. 
João nos alerta que quem afirma conhecer a Deus, mas não segue os seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. Porém, naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. João chama a atenção para uma possível religiosidade vazia, sem conteúdo existencial, ou seja, sem atitudes diante das situações. Segundo as palavras de João, existem pessoas que afirmam conhecer ou acreditar em Deus, mas sua fé é intimista e fica reduzida ao universo interior da pessoa. Muitas vezes, esta religiosidade é de “boa fé” e não simplesmente fruto de uma convenção social. Existem pessoas que acreditam em Deus simplesmente porque a sociedade assim impõe, ou porque não lhes interessa verdadeiramente assumir uma fé e apenas seguem a opinião da maioria. Mas, existem as pessoas que realmente acreditam em Deus, mas este é apenas um porto seguro para os perigos da vida, somente uma proteção que as pessoas desejam ter e um estímulo interior para sua vida particular. Deus é instrumentalizado para os objetivos privados da pessoa. O culto ou a missa se transforma em um momento de terapia, onde se descarrega as tensões do dia-a-dia ou se deposita as preocupações de seu futuro. Este tipo de ligação com Deus é totalmente descomprometida com a vida. Ela é somente uma muleta para quem não consegue caminhar com suas próprias pernas, um refúgio para motivos individualistas, mesmo que a pessoa não perceba. Aqui nós enxergamos contradições nas ações da pessoa de fé: eu acredito em Deus, mas fecho os olhos para o que existe ao meu redor. Eu acredito em Deus, mas sou incapaz de ceder o lugar do meu lado ao irmão desconhecido que frequenta a mesma igreja, eu me mantenho no esquema de corrupção de minha sociedade, desobedeço às leis de trânsito, trato as pessoas como seres estranhos ao meu mundo. O sofrimento do outro no máximo me provoca um sentimento de dó passageiro. 

Conhecer a Deus é seguir seus mandamentos. Seguir os mandamentos de Deus é ter a lucidez em cada instante e diante de cada situação para tomar uma decisão: ser ou não ser um Cristo. Em outras palavras, viver ou não viver como Jesus viveu. Lucas (24, 35-48) nos lembra que os discípulos de Emaús reconheceram o Cristo no partir do pão e nas aparições do Cristo ressuscitado, tanto em Lucas como em João sua saudação é “A paz esteja convosco”. Estes dois pontos são significativos. Eu assumo ser um Cristo a partir do momento que, diante de cada situação, gero partilha. Partilha é expressão de uma visão anti-individualista. Eu não penso mais na categoria do “eu”, mas na categoria do “nós”. Minha preocupação não é o que está acontecendo com a minha vida ou qual a minha vantagem, mas o que está acontecendo com a nossa vida e qual seria a vantagem de todos. Eu não consigo me satisfazer sozinho, mas necessito partilhar tudo que me satisfaz. Esta postura de partilha está intimamente ligada à saudação de Cristo. Desejar a Paz se torna hipocrisia se for espiritualizada. O desejo de Paz só é sincero quando antes esta é concretizada pela minha atitude concreta diante do outro. Desejar a paz a alguém deve ser acompanhado por um interesse sincero pelo outro e uma ação de quem deseja realmente contribuir para que o outro tenha paz. Esta só é construída pela partilha, pelo dividir o pão no sentido mais amplo da palavra. Primeiro, o pão concreto. Não existe paz em uma sociedade sem a possibilidade de que o outro tenha o que comer. Em segundo, não existe paz em uma sociedade se outro não tem condições de alcançar por si mesmo este pão. O amor de Deus não é realizado em nós simplesmente pela nossa frequência nas missas ou quantidade de orações que fazemos, mas pelo viver concreto da partilha que gera a paz. 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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